Protestos levam filho do Presidente maliano a demitir-se de comissão parlamentar
Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) - O deputado maliano Karim Keïta, filho do Presidente maliano, Ibrahim Boubacar Kéïta, demitiu-se do seu posto de presidente da Comissão Defesa do Parlamento em face dos protestos abalam o Mali.
"Eu coloco o Mali acima de tudo. Nenhum sacrifício é demasiado grande para o Mali. Eu já não quero ser um argumento para pessoas sem programa, nem ser um obstáculo ao diálogo entre Malianos para culminar num apaziguamento da situação sociopolítica do nosso país.
"Por isso, eu decidi, em toda responsabilidade, retirar-me, a partir desse dia, da presidência da Comissão Defesa Nacional, Segurança e Proteção Civil da Assembleia Nacional (Parlamento)”, escreveu Kéïta num comunicado transmitido à PANA, em Ouagadougou.
Kéïta sublinhou que enquanto simples deputado, democrata confiante e republicano determinado, “ eu continuarei a consagrar a minha energia ao serviço dos eleitores da Cimuna II de Bamako, e à melhoria das condições de vida e de trabalho das Malianas e dos Malianos”.
Ele defendeu que, nos últimos anos, teve a oportunidade de reunir-se no país "com aqueles que pagam um pesado tributo pela defesa da nossa liberdade".
"Chegou o momento de homenagear todas as nossas forças de defesa e segurança", indicou o parlamentar maliano antes de apresentar as suas sentidas condolências às famílias que perderam próximos durantes os trágicos acontecimentos dos últimos dias, no Mali.
"Um pensamento emocionado para o meu tio Soumaila Cissé. Peço a Deus que reencontre a sua família e os seus próximos o mais cedo possível”, acrescentou em referêcia ao líder da oposição que continua sequestrado, há mais de 100 dias.
Desde junho último, o Mali está confrontado com uma crise sociopolítica após controversas eleições legislativas. Várias organizações da sociedade civil e partidos políticos da oposição exigem a demissão do chefe de Estado e do Governo julgados incapazes, segundo os manifestantes, de enfrentar os problemas atuais do país.
A onda de violência iniciada no último fim de semana fez 10 mortos, numerosos feridos e edifícios públicos e privados vandalizados ou saqueados.
-0- PANA TNDD/IS/FK/IZ 14julho2020