Agência Panafricana de Notícias

Projeto de organização de Jogos Juvenis da CPLP 2014 contestado em São Tomé e Príncipe

São Tomé, São Tomé e Príncipe (PANA) - Técnicos do desporto santomense reprovaram segunda-feira última a decisão política do Governo do primeiro-ministro Patrice Trovoada de organizar em 2014 os X Jogos Juvenis da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), soube a PANA de fonte oficial.

A posição destes técnicos, entre os quais figuram responsáveis das Federações de Atletismo, de Ténis, de Futebol, de Canoagem e do Comité Olímpico Nacional, foi publicada durante um debate sobre estes Jogos Juvenis da CPLP, que São Tomé e Príncipe deverá acolher em 2014.

“Há uma serie de documentos que já deveriam ser do conhecimento publico e ninguém conhece e não sei como. Queremos mesmo realizar jogos nestas condições ?”, lamentou a ex-diretora do Instituto da Juventude, Maria de Lurdes Rodrigues, durante "Em debate", um programa televisivo em direto, na sua edição da segunda-feira.

Por seu lado, o presidente do Comité Olímpico Santomense, João Costa Alegre, criticou o Governo, os responsáveis do setor, nomeadamente o secretario de Estado para a Juventude e Desporto e o director-geral do Desporto “por excluírem técnicos qualificados" da organização dos jogos.

Ele sublinhou que politicamente os Jogos Juvenis da CPLP não se realizarão porque, frisou, "tecnicamente é extremamente impossível”.

Costa Alegre referiu- se ao estado da pratica desportiva e às infraestruturas, aliados ao facto de o Governo não tem um caderno de encargo que indique o custo da participação de São Tomé e Príncipe no evento, bem como os principais parceiros com quem o Estado poderá contar na realização deste empreendimento.

“Tenho um documento de dez páginas sobre a realização dos Jogos Juvenis de 2014, li e não vi nada”, afirmou.

Por seu lado, Lúcio Amado, selecionador de ténis, licenciado em educação física e mestrado em sociologia, defendeu que a realização dos jogos "é uma farsa".

Amado apontou que o pais não dispõe de infraestruturas adequadas nem alojamentos para hospedar diferentes delegações desportivas que se deslocarão a São Tomé.

Num tom crítico, António de Menezes, presidente da Federação Santomense de Atletismo e presidente do Comité Paralímpico Nacional, exortou o diretor do Desporto a abandonar a ideia política de realizar os jogos e desenvolver práticas desportivas ao nível escolar, como a base de desenvolvimento do desporto em qualquer Estado.

De Menezes diz que a decisão de realizar os jogos no arquipélago santomense foi uma decisão precipitada, alertando para as consequências que possam advir caso o país avance com esta decisão.

No final do debate, o diretor-geral dos Desportos, Joaquim Dias, reconheceu ”a incapacidade organizativa do país para acolher os jogos” e pediu aos quadros qualificados para avaliarem o projeto.

O atletismo, o voleibol de praia, o futebol, o basquetebol e o andebol são as modalidades eleitas para os X Jogos Juvenis da CPLP.

Dentre os oito Estados membros da CPLP, São Tomé e Príncipe é o único que ainda não organizou os jogos, tendo adiado várias vezes esse compromisso, o que levou Portugal a organizar outra vez a IX edição em Mafra, de 5 a 17 de julho passado.

-0- PANA RMG/DD 11set2012