Professores contra ensino à distância em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) – Os sindicatos dos professores cabo-verdianos manifestaram a sua discordância da intenção do Governo de recorrer ao ensino à distância para completar o ano letivo, interrompido pela pandemia da covid-19.
Os sindicatos dos professores consideram que o país "não reúne as condições" para o efeito.
Um inquérito realizado por um dos sindicato da classe aponta que 99 por cento dos professores são contra o ensino à distância, embora se mostrem favoráveis a este recurso, como terapia educacional e não com intuitos de avaliação.
Numa publicação na sua conta Facebook, o Sindicato Democrático dos Professores (SINDPROF) refere que quase todos os 51 professores que participaram no estudo se mostraram contra o ensino à distância.
O inquérito em causa foi realizado no âmbito do início das aulas, na segunda-feira, 27, na Televisão, Rádios e plataformas digitais.
Concluiu que a maioria dos professores considera que o país “não dispõe” de todas as condições suficientes, a nível tecnológico, logístico e de acesso à Internet, que permitam abarcar toda a comunidade educativa “sem deixar ninguém para trás”.
O SINDPROF, entretanto, afirma ser a favor das aulas à distância, não com o intuito de efetuar avaliações, mas como uma terapia educacional, no sentindo de manter os alunos ocupados.
“A avaliação exige um confronto entre aluno e professor”, reitera o sindicato.
Por sua vez, o Sindicato Nacional dos Professores (SINDEP) também defende que o ensino à distância não é uma alternativa que sirva os alunos, por considerar que não existem condições humanas e materiais que permitam a sua concretização.
“O sistema de educação à distância é um cenário impraticável em Cabo Verde. Por isso era obrigação do Ministério da Educação auscultar os sindicatos, os professores, os pais e encarregados de educação antes da tomada de qualquer decisão (...).
"O Ministério da Educação devia pensar que nem todos os alunos têm as mesmas condições económicas, e nem os professores estão preparados para o uso de metodologia do ensino a distância”, sublinhou o presidente do SINDEP.
Relativamente aos alunos do primeiro ao 11º ano de escolaridade, o SINDEP sugere o início das aulas no fim do Estado de Emergência, prolongado até ao dia 2 de maio, nas ilhas com casos positivos de covid-19, e proceder às avaliações nos mesmos moldes mediante critérios claros e bem definidos.
Conforme explicações dadas pela ministra da Educação, Maritza Rosabal, a ideia é começar a transmissão de programas de ensino-aprendizagem através da rádio e televisão, um sistema desenhado para manter os estudantes em contacto com o contexto educativo e que o levantamento já foi feito para se conhecer o acesso dos alunos, nomeadamente à eletricidade, à televisão e à rádio.
Esta segunda-feira, o Ministério da Educação confirmou que as aulas do programa educativo "Aprender e Estudar em casa”, se iniciam, efetivamente, no dia 27 de abril para o primeiro ciclo.
Para os alunos do peimeiro ano, as aulas decorrem das 08:00 às 08:20 horas lodais, de segunda à quarta-feira. Das 08:20 às 08:50 serão transmitidas as aulas para os alunos do segundo ano.
Para os alunos do terceiro ano, as aulas decorrem, a partir das 09:00 até às 09:20 horas, e para os alunos do quarto ano das 09:20 às 09:50 horas.
Segundo o Ministério da Educação, às segundas-feiras serão lecionadas aulas de Língua Portuguesa, às terças-feiras, aulas de Ciências Integradas e quartas-feiras, aulas de Matemática.
As aulas serão transmitidas através da Televisão de Cabo Verde (TCV), canais abertos da Green Studio, TVA (TV África), através dos canais nº8 na TDT e nº26 ZAP, Rádio Educativa e RCV+.
Para os alunos do 12º ano, as aulas iniciam-se no dia 4 de maio, indica o Ministério da Educação.
Denominado “Aprender e estudar em casa”, trata-se de um programa educativo alternativo ao encerramento das escolas desde 20 de março, para impedir a transmissão de covid-19, no arquipélago.
-0- PANA CS/IZ 20abril2020