Produtores de cacau abrem nova fábrica de chocolate em São Tomé e Príncipe
São Tomé, São Tomé e Príncipe (PANA) - Uma fábrica de chocolate financiada pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), no valor de 348 mil euros, entra em funcionamento, em janeiro próximo, em São Tomé e Príncipe, através da Cooperativa de Produtores e Exportadores de Cacau Biológico (CECAB), soube-se de fonte oficial, em São Tomé.
Com esta transformação do cacau, a CECAB pretende "melhorar a vida dos agricultores no mundo rural", segundo os responsáveis da cooperativa criada em 2005.
O cacau, que no passado era exportado para França onde era transformado pela chocolateira francesa Kaoka e vendido na Europa e noutras paragens do Mundo, passa a ser produzido localmente, em São Tomé Príncipe.
Segundo o primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus, que lançou a primeira pedra para as obras de construção, a fábrica ficará concluída em seis meses, num projeto que ele qualificou de “inovador e empreendedor”.
"Esse chocolate será 100 por cento nacional, tendo em conta que serão os agricultores nacionais a cultivarem e a produzirem o chocolate e outros derivados", afirmou.
Em São Tomé e Príncipe, existem oficialmente duas chocolateiras, nomeadamente Claudio Corallo e a Diogo Vaz, que representam investimento estrangeiro, no arquipélago.
O governante referiu na ocasião que o cacau, que na era colonial era conotado com a escravatura, é atualmente "uma fonte económica relevante" para o arquipélago, tendo em conta a qualidade produzida.
Com uma produção anual de cerca de 1 tonelada de cacau seco, geradora de três milhões euros anuais, a CECAB vai passar a vender, para além do cacau seco, o chocolate e outros derivados do produto.
António Dias, ex-ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural e diretor da CECAB, disse que a venda do chocolate a ser produzido, no país, vai ajudar a reduzir o nível da pobreza no Mundo rural, investindo nos setores sociais.
Vai igualmente ajudar a “reduzir o consumo do álcool, promover o programa de planeamento familiar e construir escolas, infraestruturas básicas de melhoria de vida dos agricultores”, afirmou.
O cacau produzido anualmente pela CECAB é certificado por duas entidades internacionais, designadamente a francesa Ecosert a alemã Efasert.
Com cerca de dois mil agricultores, distribuídos por 35 associações como uma das estratégias para o aumento da produção e produtividade, em diversas áreas agrícolas, os produtores da CECAB apostam na renovação do cacauzal, através de clonagem, plantas novas com gemas de cacaueiros em plena produção, cruzamento que começa a produzir em três anos.
"Em 2021, a meta é atingir duas toneladas de cacau seco”, indicou António Dias, em declarações à PANA no local.
Na era colonial, a produção do cacau foi em grande escala, em São Tomé e Príncipe mas, volvidos 45 anos, a produção baixou consideravelmente, obrigando a uma aposta na qualidade e linha biológica para valorizar o produto.
As obras de construção da nova fábrica tiveram o seu início quinta-feira, em Guadalupe, na zona norte de São Tomé, onde a CECAB, criada em 2005, ergueu a uma das suas maiores sedes, agregada às tecnologias de transformação e exportação de cacau.
-0- PANA RMG/IZ 26junho2020