Agência Panafricana de Notícias

Prisioneiro de Guantánamo chega a Cabo Verde

Praia- Cabo Verde (PANA) -- O prisioneiro de nacionalidade síria da base militar de Guantánamo, em Cuba, que Cabo Verde aceitou receber no seu território a pedido dos Estados Unidos da América chegou ao arquipélago no último fim-de-semana, soube a PANA na Praia de fonte oficial.
A chegada de Abd-al-Nisr Mohammed Khantumani, de 50 anos, foi rodeada de medidas extremas de segurança e as autoridades não prestaram quaisquer informações sobre o seu destino por se tratar de uma questão de segurança nacional.
Segunda-feira, o Departamento de Defesa norte-americano confirmou que Cabo Verde já recebeu o prisioneiro, sublinhando que a aprovação da sua transferência mereceu unanimidade de todas as agências federais envolvidas no grupo de trabalho presidencial criado para analisar os processos, nomeadamente do ponto de vista da segurança, no âmbito do fecho das "instalações de detenção" de suspeitos de terrorismo.
A nota do Departamento de Defesa sublinha que as autoridades norte-americanas felicitaram o Governo cabo-verdiano pela "disponibilidade demonstrada para apoiar os esforços norte-americanos para encerrar a unidade de detenção da Baía de Guantánamo".
A administração de Barack Obama, que pretende encerrar aquele estabelecimento prisional em Cuba, já libertou, desde que tomou posse, 67 prisioneiros suspeitos de ligações ao terrorismo.
A decisão de Cabo Verde de receber um prisioneiro foi tomada há pouco mais de uma semana em resposta a um pedido feito há mais de um ano pelos Estados Unidos, reforçado durante a visita a Cabo Verde, em Agosto de 2009, da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.
O cidadão sírio terá problemas de saúde e foi detido durante as ações militares dos Estados Unidos, durante a administração de George W.
Bush, em vários países, na sequência dos atentados de 11 de Setembro de 2001.
Em declarações à imprensa na semana passada, a ministra cabo-verdiana da Justiça, Marisa Morais, lembrou que Cabo Verde, embora a outro nível, já tem "experiência" neste tipo de situações, realçando que nos primeiros anos da independência em 1975 o arquipélago recebeu cerca de uma dezena de membros da ETA e que nunca houve problemas com eles.
Questionada sobre se Cabo Verde tem condições suficientes para garantir a sua própria segurança e a do detido, Marisa Morais assegurou que sim, adiantando que o prisioneiro ficará detido numa residência fixa com as devidas medidas de segurança.
Segundo a ministra cabo-verdiana da Justiça, este gesto do Governo de Cabo Verde merece consenso das três forças políticas representadas no Parlamento - Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder), Movimento para a Democracia (MpD, oposição) e União Cabo-Verdiana da Independência Democrática (UCID), "pelo que não haverá qualquer aproveitamento político".
Marisa Morais garantiu que os referidos partidos políticos, quando consultados pelo Governo sobre o assunto, deram o seu "aval", uma vez que "compreenderam os valores" que estavam em causa.
A governante assegurou ainda que não existem quaisquer contrapartidas dadas pelos Estados Unidos a Cabo Verde por ter aceite receber no seu território um dos prisioneiros de Guantánamo.