Agência Panafricana de Notícias

Primeiro-ministro guineense homenageia manifestantes mortos em Conakry

Conakry, Guiné (PANA) – O primeiro-ministro guineense, Mohamed Saïd Fofana, recolheu-se terça-feira, na morgue do Centro Hospitaleiro Universitário (CHU) de Donka, diante dos restos mortais dos dois manifestantes que morreram durante a “marcha pacífica” organizada em Conakry por partidos da oposição a favor da finalização da transição política no país.

Ele ouviu as explições fornecidas pelos médicos das urgências e por próximos dos defuntos Mamadou Lamine Bah, 21 anos de idade, e Mamadou Bhoye Barry, 31 anos de idade.

Fofana exprimiu a sua tristeza e garantiu que este drama poderia ter sido evitado se os organizadores da manifestação tivessem aceitado, como lhes pediu segunda-feira durante a sua reunião, a anulação da marcha.

O médico legista Jean Pierre Tolno garantiu que um dos manifestantes foi morto à arma branca por um desordeiro, ao passo que o segundo foi violentamente atingido na cabeça por apedrejamento, provocando uma lesão frontal aberta seguida de hemorragia que o conduzido à morte.

« Não vi um único militar disparar balas reais contra manifestantes. O meu irmão foi apunhalado por um desordeiro », declarou à Radiotelevisão Guineense (RTG) um próximo do jovem Mamadou Lamine Bah que falava no recinto da morgue.

Estas declarações foram confirmadas pelo ministro da Segurança, general Mamadouba Toto Camara, que assegurou que as ordens dadas pelo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, general Boundounka Condé, convidando os soldados a manter-se nos seus postos, foram respeitadas.

« Os gendarmes e os polícias encarregues da manutenção da ordem receberam a ordem de não disparar contra os manifestantes, exceto em caso de legítima defesa », afirmou.

Cerca de 23 elementos das forças de manutenção da ordem, gravemente feridos por apedrejamentos, foram internados na enfermaria do campo Samory Touré, onde foram visitados pelo primeiro-ministro e por outros membros do Governo.

Os líderes da oposição afirmam que quatro dos seus militantes foram mortos por balas.

Eles convocaram « uma marcha pacífica » com vista a denunciar « o recenseamento integral » dos eleitores em vez duma « correção menor » do registo eleitoral na perspetiva das eleições legislativas previstas para dezembro próximo.

Exigem a restruturação da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) e o regresso aos seus postos dos conselheiros comunais demitidos das suas funções pelas novas autoridades que consideram que o seu mandato de cinco anos terminou há vários meses.

-0- PANA AC/AAS/SOC/MAR/IZ 28set2011