Primeiro-ministro demite-se no Sudão
Cartum, Sudão (PANA) - O primeiro-ministro sudanês, Abdallah Hamdok, demitiu-se do seu cargo domingo último, dando assim um sério golpe na transição democrática naquele país da África Oriental, soube a PANA de fonte oficial.
Num discurso emocionante na Televisão Nacional, Hamdok disse ter-se demitido depois de não ter conseguido reunir atores políticos sudaneses.
Descreveu a crise que o seu país atravessa como "essencialmente política, que tem um impacto na vida económica e social" da população.
Hamdok disse que o país enfrenta muitos desafios, frisando ter renunciado ao cargo para permitir aos outros filhos do país finalizarem a transição, informou a Agência de Notícias Sudanesa (SUNA).
O agora exx-primeiro-ministro tinha-sido exonerado durante o golpe de Estado de 25 de outubro de 2021, antes de ser reabilitado cerca de um mês depois, na sequência de uma intensa pressão local e internacional sobre os golpistas no Sudão.
A SUNA lembra que o líder do então golpe de Estado, o Presidente do Conselho Soberano, o general Abdel-Fattah al-Burhan, e Hamdok assinaram um "acordo político que anula a decisão de se exonerar o primeiro-ministro Hamdok."
Mas este acordo foi rejeitado por ativistas pró-democracia que organizam, em cadam semana, grandes manifestações em várias cidades, exigindo a retirada dos militares do poder.
Mais de 50 pessoas foram mortas e centenas demoutras ficaram feridas durante os protestos, de acordo com o Comité Central dos Médico do Sudão.
Sábado último, a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu aos Sudaneses para ultrapassarem a desconfiança que reina entre atores políticos e que impede um regresso a um processo conducente ao estabelecimento de um Governo democraticamente eleito.
O representante especial do Secretário-Geral da ONU para o Sudão, Volker Perthes, disse, num comunicado divulgado por ocasião da 66.ª festa Nacional do Sudão, que, enquanto o país enfrenta mais uma provação depois do golpe de 25 de outubro, "a luta do povo sudanês pela liberdade e a democracia continua."
“Volker Perthes acredita que a falta de confiança entre as partes deve ser tratada com urgência para que uma solução mutuamente aceite possa ser encontrada para se sair da crise atual”, lę-se no comunicado.
-0- PANA MO/MA/NFB/JSG/SOC/MAR/DD 03jan2022