Presidente são-tomense critica inação do Governo para conter covid-19
São Tomé, São Tomé e Príncipe-(PANA) - O Presidente são-tomense, Evaristo Carvalho, acusou o Governo de "nada fazer" para conter a propagação da covid-19, no país, com uma alta taxa de infeção de profissionais de saúde e agentes das forças da ordem, incluindo bombeiros.
As críticas de Evaristo Carvalho foram feitas na abertura sábado do seu quarto encontro sobre a covid-19 com outros membros dos órgãos de soberania, do Governo e da sociedade civil.
Na sua intervenção, Evaristo Carvalho questionou o resultado das medidas restritivas, e criticou a atuação do Governo, face ao número crescente de infeções.
“Porquê decretar o confinamento geral da população, fechar o serviço e as pessoas continuam a sair de casa, circulam nos transportes públicos e apesar das medidas restritivas?", questionou.
Evaristo Carvalho enfatizou que o Estado "não pode decretar medidas e depois afastar-se como se nada lhe dissesse respeito".
Interrogou a razão da cerca sanitária observada durante quatros dias, em Água Grande, distrito com a maior densidade populacional do arquipélago, com a finalidade de conter a propagação do vírus, mas “houve circulação massiva da população”.
O Presidente são-tomense indignou-se face à alta taxa de infeção pela covid-19, que atualmente atingiu 246 pessoas, formando uma comunidade de cadeia de transmissão do vírus, no arquipélago de 200 mil habitantes.
Evaristo Carvalho insurgiu-se igualmente contra a infeção entre profissionais de saúde e agentes de segurança pública na linha da frente de combate à doença.
“Declaramos o Estado de Emergência há dois meses, com vista a tomarmos medidas restritivas, visando controlar melhor a propagação do novo coronavírus, no país, entre as quais a quarentena obrigatória dos cidadãos chegados do estrangeiro.
"Ainda não havia registo de casos de contaminação, quando, alguns dias antes, o Governo havia interditado a entrada de cidadãos estrangeiros não residentes", recordou.
O chefe de Estado alertou ainda que as "descoordenações" do Governo em matéria de prevenção da pandemia "criam condições favoráveis à proliferação do vírus.”
Citou como exemplo “a aglomeração de pessoas e feirantes" no novo mercado de Bobo Forro, a três quilómetros da capital, e o funcionamento contínuo das lojas interditas pelo Estado de Exceção decretado pelo Governo.
Segundo o Presidente são-tomense, o desrespeito das medidas ressalta a injustiça do Governo em relação aos operadores económicos mais fracos.
Nesta quarta reunião por ele promovida sobre covid-19, Evaristo Carvalho instou o Governo do primeiro-ministro Jorge Bom Jesus a fazer melhor gestão da ajuda internacional para que esta chegue à toda a população.
Segundo Evaristo Carvalho, a "desorganização" originou o roubo de equipamentos para venda no mercado negro, de máscaras, viseiras, luvas e uniforme para profissionais de saúde, pelo que pediu explicações detalhadas ao Governo.
-0- PANA IZ 18abril2020