Presidente gabonês demitido livre de seus movimentos
Libreville, Gabão (PANA) - A junta militar do Gabão anunciou quarta-feira que o Presidente deposto, Ali Bongo, foi liberto da prisão domiciliária e está livre para viajar para o estrangeiro por tratamento médico.
De acordo com uma declaração assinada pelo General Brice Oligui Nguema, presidente em exercício e presidente do Comité para a Transição e Restauração das Instituições (CTRI), no poder, o Bongo, que sofreu um acidente vascular cerebral em 2018 e tem dificuldade em movimentar a perna e o braço direitos, poderá, se desejar, viajar para o exterior para exames médicos.
“Dado o seu estado de saúde, o ex-Presidente da República Ali Bongo Ondimba é livre de circular. Pode deslocar-se ao estrangeiro se desejar realizar os seus exames médicos”, indica o comunicado lido à televisão nacional pelo coronel Ulrich Manfoumbi, porta-voz da junta.
O golpe de Estado realizado na última quarta-feira por altos oficiais militares pôs fim a mais de 50 anos de domínio político da família Bongo no país da África Central.
Este golpe foi anunciado pouco depois de a comissão eleitoral ter declarado que Bongo tinha ganho um terceiro mandato com 64,27%. O principal candidato da oposição, Ondo Ossa, obteve 30,77%, segundo a comissão eleitoral.
Depois de ser deposto, Bongo apareceu num vídeo apelando aos “amigos” do país centro-africano “em todo o mundo” para “fazerem barulho”.
Os soldados disseram que o Bongo estava em prisão domiciliária e que um dos seus filhos foi preso por “traição”.
Apesar do apoio de grande parte da sociedade gabonesa, o golpe foi condenado por organizações internacionais como as Nações Unidas e a União Europeia, bem como França e os Estados Unidos.
O general Brice Nguema, que tomou posse como Presidente interino na segunda-feira passada, justificou o golpe dizendo que foi uma reacção a um processo eleitoral falho que trouxe Bongo de volta ao poder.
Ele disse que eleições livres e justas seriam realizadas após um referendo sobre uma nova constituição. Nenhum horário foi precisado.
O Gabão foi suspenso da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) na segunda-feira, após o golpe de 30 de Agosto.
Os participantes na reunião também decidiram mudar a sede do bloco regional de Libreville para Malabo.
Os meios de comunicação social informaram que os líderes da CEEAC afirmaram que foi dado aos líderes militares gaboneses "um ano para reactivar o processo político com vista a um rápido regresso à ordem constitucional".
A União Africana (UA) suspendeu na semana passada o Gabão de todas as atividades com efeito imediato.
Num comunicado divulgado na quinta-feira, o Conselho de Assuntos Políticos, Paz e Segurança da UA disse que "condena veementemente a tomada militar na República Gabonesa que depôs o Presidente Ali Bongo".
O Conselho decidiu “suspender imediatamente a participação do Gabão em todas as actividades da UA, dos seus órgãos e instituições até à restauração da ordem constitucional no país”.
-0- PANA MA/MTA/JSG/MAR 7set2023