Presidente da Guiné-Bissau pede "reciprocidade" no tratamento de compatriotas em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, pediu, quinta-feira, na cidade da Praia, "reciprocidade" no tratamento dos conterrâneos em Cabo Verde.
Os Cabo-verdianos não precisam de ter um estatuto especial na Guiné-Bissau, porque são guineenses, declarou Embaló, em conferência de imprensa ao lado do seu homólogo cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca.
No início de uma visita oficial de quatro dias a Cabo Verde, o Presidente bissau-guineense afirmou que "nunca um Cabo-verdiano na Guiné precisa de ter um documento de Cabo Verde ou da embaixada de Cabo Verde. Só vão à embaixada de Cabo Verde para se inscreverem, para terem o cartão ou inscrição consular, para votar."
Sissoco Embaló lamentou que o maior problema enfrentado pela comunidade guineense em Cabo Verde seja o acesso aos serviços de regularização e obtenção de documentos, "muitos mesmo vivendo há mais de 10 ou 20 anos no arquipélago."
"Isso na Guiné era inimaginável com um Cabo-verdiano. Um Senegalês ou outros povos irmãos não têm um mesmo estatuto que os Cabo-verdianos na Guiné", enfatizou, considerando ser uma das questões que os dois países têm de ultrapassar.
"Não é questão dos partidos que estão no poder, em Cabo Verde ou na Guiné. Penso que temos que ultrapassar isso", insistiu Embaló, na presença do seu homólogo e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, Rui Figueiredo Soares, na sala, em representação do Governo do país.
O chefe do Estado da Guiné-Bissau considerou ainda "inaceitáveis" os rumores que tem ouvido sobre Guineenses barrados à entrada dos aeroportos cabo-verdianos, por um ou outro motivo.
"Eu não vi. mas é o que dizem. Mas, se isso acontece, lamento. Para mim é inaceitável passar uma coisa destas. Na Guiné, nenhum Cabo-verdiano, mesmo que não tenha documento, se chegar de avião e falar crioulo, é tratado como os Guineenses", frisou.
Por sua vez, o Presidente cabo-verdiano reconheceu que Cabo Verde pode "fazer mais" pela comunidade guineense residente, estimada em perto de 10.000 indivíduos, que vivem e trabalham, mas mais de metade em situação irregular ou sem documentos, apesar das tentativas de legalização.
"Sempre defendi que devem ter um tratamento especial em Cabo Vede, pelas razões históricas e de irmandade que temos", disse o chefe do Estado cabo-verdiano, mostrando-se "satisfeito" pelo facto de o Governo ter anunciado esta semana que esta questão vai ser vista, no âmbito da revisão lei da nacionalidade.
Jorge Carlos Fonseca considera também necessário "haver um tratamento diferente, como os Cabo-verdianos têm na Guiné-Bissau, onde estão plena e facilmente integrados."
-0– PANA CS/DD 09jul2021