Agência Panafricana de Notícias

Presidente da Guiné-Bissau insta chefe da Armada a provar inocência

Bissau- Guiné-Bissau (PANA) -- O Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, empossou o contra-almirante José Américo Bubo Na Tchuto no cargo de chefe do Estado-Maior da Armada e instou-lhe a provar a sua inocência sobre as acusações feitas pelos Estados Unidos de implicação no narcotráfico, soube-se de fonte oficial quinta-feira em Bissau.
"Tu és um combatente da liberdade da pátria.
Tens que demonstrar provas de que aquilo que se diz de ti não é verdade", declarou quarta-feira o Presidente Bacai Sanhá durante a cerimónia de emposse de novas chefias militares.
"Quem tiver provas contra o contra-almirante deve apresentá-las para que as autoridades possam agir", afirmou o Presidente bissau-guineense, que empossou igualmente o novo vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, o general Mamadu Turé, que até então comandava o Exército, e Estevão Na Mena no cargo de inspetor-geral das Forças Armadas.
O Presidente Bacai Sanhá apelou às novas chefias militares para trabalharem no sentido de construir uma "boa imagem" do Exército bissau-guineense no mundo.
No seu discurso, proferido em criolo, ele reafirmou perante os militares a determinação na aplicação da lei contra os que utilizam fardas para denegrir a imagem do país.
"Ninguém pode camuflar-se de fardas para denegrir a imagem deste país", lançou o estadista bissau-guineense, exortando aos oficiais militares no sentido de contribuírem para o sucesso da reforma no setor de defesa e segurança.
Várias reações negativas surgiram depois da nomeação de Bubo Na Tchuto e de Mamadu Turé, tido como figura muito próxima do chefe do Estado, tendo em conta que o cargo de vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas que o último ocupa foi extinto pelo Parlamento em Abril último.
O contra-almirante Bubo Na Tchuto retoma o cargo de chefe da Armada que ocupou até Agosto de 2008, antes de fugir para a Gâmbia na sequência de alegações sobre a sua implicação numa tentativa de golpe de Estado contra o ex- Presidente João Bernardo "Nino" Vieira.
Depois de um exílio na Gâmbia de cerca de dois anos, o contra-almirante Bubo Na Tchuto regressou à Guiné-Bissau em Dezembro de 2009 e refugiou-se nas instalações da ONU em Bissau.
A 1 de Abril de 2010, ele abandonou as instalações das Nações Unidas e comandou com o general António Indjai, atual chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, uma rebelião, que culminou na detenção do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e do então chefe das Forças Armadas, o almirante Zamora Induta.
Carlos Gomes Júnior foi libertado mais tarde, mas Zamora Induta continua detido.
Um tribunal militar arquivou, em Junho último, as acusações de tentativa de golpe de Estado contra o contra-almirante Bubo Na Tchuto.