Presidente cabo-verdiano receia efeitos da covid-19 no desenvolvimento de África
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, alertou esta segunda-feira que a pandemia da covid-19 (coronavírus) poderá vir a ser um grande obstáculo aos objetivos de desenvolvimento de África, apurou a PANA de fonte oficial.
Na sua mensagem alusiva ao Dia de África, que se assinala a 25 de maio, o chefe do Estado cabo-verdiano aproveitou para dirigir, em gesto de solidariedade, uma palavra de conforto a todos os países e governos do continente que, de uma maneira ou outra, têm sofrido com esta pandemia com perdas de vidas humanas.
Jorge Carlos Fonseca deixou igualmente uma palavra de encorajamento, nestes tempos que se mostram difíceis ao nível global, devido à pandemia, para que todos se mantenham firmes neste “combate exigente” e que exige de cada pessoa e cada comunidade “atenção especial” às medidas de prevenção.
Por outro lado, pediu empenho das autoridades no sentido de mitigarem os “efeitos devastadores” da pandemia na vida de todos e de cada um, particularmente dos mais vulneráveis, ao nível económico, social e da saúde.
No entanto, ele disse estar certo de que com “determinação, desejo de construir uma vida melhor, esforços e capacidade de vencer as dificuldades”, bem como a “solidariedade internacional no combate aos efeitos da pandemia”, vai ser possível ultrapassar esta “fase difícil” por que passam os países e o continente.
O chefe do Estado cabo-verdiano saudou, igualmente, todos os imigrantes africanos que escolheram Cabo Verde para residir e trabalhar, deixando-lhes uma palavra de reconhecimento e apreço pelo papel “reconhecidamente importante” que vêm desempenhando no desenvolvimento do nosso país, através da disponibilização da mão-de-obra, da transferência de tecnologia e do enriquecimento cultural dos Cabo-verdianos."
“Somos todos a reconhecer, no dia-a-dia deste país, exemplos de integração e participação efetiva no nosso processo de desenvolvimento económico, social e ambiental, através da contribuição dos imigrantes na construção das novas centralidades”, realçou.
Jorge Carlos Fonseca demostrou, também, “especial apreço” aos milhares de Cabo-verdianos que, em Angola e na Côte d’Ivoire, na Guiné-Bissau e na Guiné-Equatorial, em Moçambique, na Nigéria e no Senegal, em São Tomé e Príncipe e noutros cantos deste vasto continente que, no seu dia-a-dia, engrandecem a nação cabo-verdiana com o seu trabalho e o seu talento.
O Presidente da República de Cabo Verde finalizou a sua mensagem, enaltecendo a memória de todos os líderes africanos que, há muitas décadas, tiveram a “louvável iniciativa” de instituir a organização africana, promovendo assim a fraternidade e solidariedade na construção de uma “sociedade africana unida”, e na defesa dos interesses legítimos do continente.
Também o Governo de Cabo Verde sublinhou, esta segunda-feira, os esforços da União Africana (UA) e dos seus membros para debelar a pandemia da covid-19 em África e relançar o desenvolvimento económico e social que o continente vinha registando antes da crise.
Num comunicado para saudar o Dia da África, o Executivo cabo-verdiano frisou que 57 anos depois, a efeméride está a ser celebrada sob o signo da segurança sanitária no contexto da covid-19.
“Neste dia, há 57 anos, criou-se em Addis Abeba, na Etiópia, a Organização da Unidade Africana (OUA), precursora da atual União Africana, com o objetivo principal de erradicar o colonialismo e o neocolonialismo e encorajar a integração política e económica dos países africanos”, realça o documento.
Cabo Verde aderiu à organização desde a sua independência, no ano de 1975, e, desde então, tem tido um papel ativo, realça o Governo, apontando para algumas ações que, na sua perspetiva, atestam o empenho do país em alinhar as suas políticas com as da organização continental.
A participação na criação da Zona Continental de Livre Comércio Africano (ZCLCA), a que Cabo Verde aderiu este ano, além da ativa participação no Mercado Único de Transporte Aéreo Africano (MUTAA), bem como o alinhamento das políticas nacionais com as linhas de força da agenda 2063, foram alguns aspetos apontados pelo Palácio da Várzea.
“Cabo Verde congratula-se, pois, com os ganhos que o continente vem registando, embora ciente dos enormes desafios que tem pela frente, nomeadamente em virtude da crise multifacetada resultante da pandemia da covid-19, que terá efeitos económicos e sociais extremamente nefastos nos países africanos, com destaque para os Pequenos Estados Insulares em desenvolvimento”, lê-se no documento.
Segundo estatísticas mais recentes sobre a pandemia em África, há mil 246 mortos confirmados em mais de 107 mil infetados em 54 países.
-0- PANA CS/DD 25maio2020