Presidente cabo-verdiano pede mais fiscalização para travar aumento de casos de covid-19
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente de Cabo, Jorge Carlos Fonseca, pediu, quinta-feira, na cidade da Praia, o aumento da fiscalização às medidas de proteção contra a covid-19 no país, soube a PANA de fonte oficial.
O chefe do Estado formulou este pedido face ao crescente aumento de casos, sobretudo no concelho da Praia, o maior centro urbano e populacional do arquipélago, de acordo com a fonte.
Em declarações à imprensa, após se reunir, durante uma hora, com o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, ele sublinhou que "é um facto que o número de casos tem aumentado, particularmente na Praia", mas também nas ilhas do Sal e da Boa Vista.
Ele aludia ao registo recorde, no país, quarta-feira última, desde o início da pandemia, de 191 novos casos de covid-19, ultrapassando os mil casos ativos, ou seja, mais do dobro no espaço de um mês.
Segundo ele, este fenómeno coincide com um período de visível relaxamento de medidas de contenção da doença, nomeadamente aglomerações nas praias ou respeito pelo uso de máscaras faciais na via pública, obrigatório por lei.
Face ao agravamento da situação da pandemia, Jorge Carlos Fonseca anotou que "tem que haver algum tipo de medidas de fiscalização e de controlo."
De acordo com uma resolução do Conselho de Ministros, em vigor desde 19 de março último, válida por 60 dias, todas as ilhas de Cabo Verde passaram a estar em situação de contingência, o segundo de três níveis previstos na lei que estabelece as bases da Proteção Civil em Cabo Verde, implicando o alívio de várias restrições anteriormente impostas para travar a transmissão da doença.
"A situação, na grande maioria dos centros de saúde e dos hospitais, é de ocupação reduzida, com exceção da Praia, em que é necessária, face aos casos de internamento, a utilização de outros espaços, para além do hospital. E creio que a partir de hoje, amanhã, haverá a abertura de espaços, que já existiram, deixaram de ser ocupados, para dar algum vazão a uma situação já de alguma pressão sobre o Hospital Agostinho Neto (Praia)", disse Jorge Carlos Fonseca.
O Presidente da República e o ministro da Saúde anunciaram que o gabinete de crise do Governo, criado para lidar com a pandemia, ia reunir-se na tarde da quinta-feira, precisamente no dia em que arrancou a campanha eleitoral para as eleições legislativas de 18 de abril corrente.
"Sugeri que, nessa reunião, se pudesse fazer esta avaliação de pormenor e ver se se podem tomar medidas ainda mais consistentes, no quadro do estado vigente. Que elas sejam tomadas. Mas sobretudo, a mim parece-me que não basta nós termos as medidas, ou as anunciarmos, é preciso que elas sejam cumpridas", afirmou.
Para Jorge Carlos Fonseca, se, com um aumento da fiscalização, continuar a haver incumprimento ou aumento de casos, então "deve-se ponderar a adoção de medidas mais fortes", dentro de cada nível de alerta, mas descartando para já o retorno ao estado de emergência, que o Presidente decretou, durante dois meses e diferenciado por ilhas, há um ano, que implicou o confinamento geral da população.
"Espero que ainda não se possa dizer, no nosso caso, que não podemos banalizar o estado de emergência", afirmou Jorge Carlos Fonseca, sublinhado tratar-se de um "estado excecional", alertando que "pode criar vícios" e impedir o "bom funcionamento das instituições".
No final do encontro, o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, admitiu que, nos últimos 15 dias, tem-se registado um aumento do número de casos de covid-19 na Praia e remeteu qualquer decisão sobre eventual agravamento de medidas de restrição para a reunião do gabinete de crise.
"O Governo, em função desta análise, comunicará à população aquilo que decidiu", afirmou o ministro.
O arquipélago registava, quarta-feira última, mil 12 casos ativos de infeção, contra 397 a 01 de março último, e somava 168 mortos por complicações associadas à doença, num total de 17 mil 470 casos confirmados desde 19 de março de 2020, dos quais 16 mil 277 já considerados recuperados.
Segundo uma análise da revista científica The Lancet sobre dados da pandemia em África, Cabo Verde destacou-se, durante o ano transato, como o país africano com mais casos de covid-19 por 100 mil habitantes, "uma incidência particularmente elevada."
A análise, que reporta ao período entre 14 de fevereiro e 31 de dezembro de 2020, revela que Cabo Verde registou uma incidência de mil 973 casos por 100 mil habitantes, a mais alta entre os 55 Estados-membros da União Africana (UA) e entre os países africanos lusófonos.
Durante este período, foram contabilizados 11 mil 840 casos de infeção pelo vírus SARS-CoV-2 (covid-19) e 113 mortes, tendo Cabo Verde registado uma taxa de letalidade de 1.0 por cento.
-0- PANA CS/DD 01abr2021