Agência Panafricana de Notícias

Presidente cabo-verdiano nota sentimento de “preocupação e confiança” de compatriotas

Praia, Cabo Verde (PANA) – O Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, disse sexta-feira perceber um sentimento generalizado de "preocupação e confiança" dos seus compatriotas.

Ao presidir à cerimónia alusiva ao 38º aniversário da independência do seu país, na cidade da Praia, Carlos Fonseca disse que este sentimento se baseia na ideia de que há desafios a vencer mas que também na possibilidade de se melhorar a qualidade de vida, sobretudo mediante a criação de empregos.

"Os tempos atuais são de dificuldades, mas igualmente de esperança e confiança na nossa capacidade de compreender e equacionar os problemas, vencer os desafios e construir as soluções mais adequadas", acrescentou.

Como aspetos negativos, o chefe do Estado cabo-verdiano destacou o "praticamente residual" crescimento da economia, a "elevada carga fiscal” para as famílias e empresas, o "minguar dos investimentos externos”, os "dias contados da ajuda pública ao desenvolvimento”, a "redução das remessas dos emigrantes” e o "difícil acesso ao crédito”.

Admitiu também que a crise internacional tem tido impacto na economia cabo-verdiana, pelo que, frisou, é em momentos desta natureza que todos - poder central, local, sociedade civil e população em geral - são chamados à ação.

"Em tempos de crise, o estado de desenvolvimento humano de um povo mede-se pela sua capacidade de apoiar os que mais necessitam", lembrou Fonseca, apelando à solidariedade e ao reforço de medidas para acudir às famílias mais vulneráveis "enquanto a conjuntura desfavorável não se alterar de forma significativa".

Jorge Carlos Fonseca não deixou também de apontar aspetos positivos que se registaram nos últimos tempos em Cabo Verde, nomeadamente o recente acordo de concertação social entre o Governo, o patronato e sindicatos numa série de medidas que visam demonstrar que "os entendimentos são possíveis”.

O Presidente cabo-verdiano felicitou também o Governo pela política de mobilização de água para o país, com as construções, algumas já concluídas, outras em curso ou em fase de projeto, de 17 barragens em todo o país até 2017, o que, a seu ver, vai permitir melhorar a qualidade de vida dos agricultores e a produção agrícola.

No seu discurso, Jorge Carlos Fonseca exortou ainda os poderes central e municipal a manterem um diálogo construtivo e articulado sobre temas essenciais para o reforço do Estado de direito democrático e acudir às famílias mais vulneráveis.

Por sua vez, o presidente da Assembleia Nacional (Parlamento), Basílio Ramos, considerou que Cabo Verde deve evitar "situações de tensões desnecessárias" e que todos devem "assumir as suas responsabilidades, colocando em primeiro lugar os interesses do país e a promoção do bem comum.

Para Basílio Ramos, os efeitos da crise colocam o país perante dificuldades e novos desafios, pelo que, prosseguiu, o incremento dos investimentos privados e públicos é a "via ideal" para o desenvolvimento do país, que, na sua ótica, não pode ficar dependente do êxito do setor turístico e deve diversificar e dinamizar a economia cabo-verdiana.

Também representantes dos partidos políticos cabo-verdianos com assento parlamentar foram unânimes em apontar o desemprego e o crescimento económico como as principais preocupações e desafios de Cabo Verde.

O líder parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder desde 2001), José Manuel Andrade, admitiu que as duas questões são as prioridades "novas e desafiantes" para o futuro, lembrando que, apesar da crise, o Governo tem conseguido resolver "inúmeros problemas estruturantes" do país.

Já o presidente do grupo parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD, principal partido da oposição), Fernando Elísio Freire, defendeu que Cabo Verde necessita de novos modelos de desenvolvimento e de ambiente na sociedade, que necessita de valores e de incentivos e ainda de um quadro legal que funcione adequadamente.

"São exigidas de todos uma nova dinâmica reformista ancorada nos valores e uma nova forma de olhar para o mercado, para o Estado e para a política", alertou.

Por seu lado, o líder da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), com dois lugares no Parlamento, manifestou-se "preocupado" e "apreensivo" com o atual momento económico em Cabo Verde, apesar de reconhecer os avanços após 38 anos de independência.

Um misto de “preocupação”, em relação às dificuldades que o país enfrenta neste momento, e de “confiança” no futuro, marcou os discursos pronunciados na sessão solene do Parlamento que assinalou esta sexta-feira o 38º aniversário da independência de Cabo Verde, constatou a PANA na cidade da Paia,.

-0 – PANA CS/DD 06jul2013