Agência Panafricana de Notícias

Presidente cabo-verdiano na cimeira da CEDEAO sobre Mali

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, participa esta segunda-feira, 27, por videoconferência, na cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que vai debater sobre a situação da crise política, no Mali, apurou a PANA, na cidade da Praia, de fonte oficial.

A informação foi avançada pelo próprio chefe de Estado cabo-verdiano, precisando que vai representar o país na “magna reunião”, acompanhado do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares.

Esta cimeira extraordinária da organização sub-regional oeste-africana acontece depois de ter fracassado a missão integradas pelos presidentes do Senegal, da Cote d’Ivoire, do Gana, do Níger e da Nigéria que se deslocou, na passada quinta-feira, a Bamako, para se reunir com o Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, e com líderes do movimento que pede a demissão do chefe de Estado maliano.

No entanto, os encontros terminaram sem acordo e a busca de uma solução passa agora por esta cimeira extraordinária da CEDEAO.

“O objetivo é encontrar um compromisso que permita ao Mali sair desta crise rapidamente. Estou otimista e espero que seja encontrada uma solução, mas decidimos informar todos os chefes de Estado da CEDEAO numa cimeira extraordinária que terá lugar esta segunda-feira”, afirmou o Presidente do Níger e presidente em exercício da CEDEAO, Mahamadou Issoufou.

O Movimento 5 de Junho, que reúne representantes políticos, religiosos e civis, exige a demissão do Presidente Ibrahim Boubacar Keita pela forma como tem lidado com a insurgência islâmica no Mali, a crise económica e a disputa dos resultados das eleições legislativas de março e abril deste ano.

A agravar a situação, pelo menos 12 pessoas morreram e 100 ficaram feridas na repressão violenta dos protestos de há cerca de duas semana.

A CEDEAO já tinha tentado resolver a crise com a proposta de um governo de unidade nacional, mas o Movimento 5 de Junho rejeitou esta solução, insistindo na demissão de Keita.

Apesar do aparente fracasso dos mediadores da CEDEAO, representantes do Presidente e da oposição estiveram em conversações durante toda a semana e o Movimento 5 de Junho suspendeu os protestos para permitir as celebrações da festa muçulmana do sacrifício.

No entanto, observadores no local adiantam que a confiança da oposição maliana no bloco regional está em baixa e prevê o regresso da violência.

Os mesmos destacam o facto de a posição da CEDEAO e do Governo maliano ser a mesma, ou seja, que o Presidente eleito tem de continuar em funções até às próximas eleições e ainda faltam três anos.

Por isso, antevêem que a violência pode recomeçar depois das festividades.

-0- PANA CS/IZ 26julho2020