Presidente cabo-verdiano lança apelo para apoio aos mais necessitados
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, disse, domingo, que face à crise provocada pela pandemia de covid-19 e pela guerra na Ucrânia, o Estado, os municípios, Organizações Não-Governamentais (ONG), Igrejas, empresas e sindicatos "estão convocados a darem as mãos e socorrerem os que estão a atravessar momentos de grande fragilidade, inclusive o de privação de alimentos.
Na sua mensagem alusiva ao Dia do Trabalhador, José Maria Neves admitiu que este 1.º de Maio tem "poucos motivos para se celebrar", devido a esta sequência de eventos adversos, tanto para os trabalhadores como para Cabo Verde.
"Uma série bastante improvável e consecutiva de ocorrências incrivelmente desfavoráveis para a nossa economia tiveram um efeito devastador na vida dos nossos trabalhadores e das respetivas famílias", reconheceu José Maria Neves na mesma mensagem.
Acrescenta que não é difícil de imaginar, principalmente, o sentimento e o estado de carência dos chefes de família que perderam os seus postos de trabalho, e de muitas famílias que hoje dispõem de muito pouco ou mesmo de nenhum tipo de rendimento.
"Estamos perante um drama social cujo impacto é mais sentido pela população de rendimento baixo, cuja erosão do poder de compra a torna incapaz de adquirir produtos de primeira necessidade",lamentou.
"Temos plena consciência de que muitos desses lares, que têm passado por momentos de penúria, são chefiados por mulheres, e que a pobreza tem o rosto feminino. Dedicando-se à agricultura de subsistência, pecuária, venda ambulante, ou outras atividades similares, duramente atingidas por esta crise persistente, estas mulheres, que carregam Cabo Verde às costas, muito mais do que bons propósitos, clamam por ações concretas, com impacto nas suas vidas e que possam concorrer para a resolução dos seus problemas mais ingentes", acrescentou.
Face a "uma realidade tão adversa", José Maria Neves defende uma sindicalização mais generalizada como a melhor maneira de os trabalhadores se unirem, de forma coletiva e em coligação de esforços, e que quanto mais representativos e vigorosos forem os sindicatos, tanto melhor estes conseguirão representar e defender os seus filiados.
Para o chefe de Estado cabo-verdiano, a situação prevalecente "deve levar-nos a refletir sobre todas as nossas vulnerabilidades e agir de forma a nos tornarmos cada vez mais resilientes nós e a nossa economia.”
Segundo ele, urge analisar “as nossas fraquezas e agir em conformidade."
A todos os níveis, há que ter a exata noção da realidade e interiorizar a cultura de poupança, de racionalização e de busca de eficácia no uso dos recursos e na concretização dos objetivos preconizados.
O arquipélago enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística, setor que garante 25 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago, desde março de 2020, devido à pandemia da covid-19.
Em 2020, o país registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8 por cento do PIB, seguindo-se um crescimento de sete por cento em 2021, impulsionado pela retoma da procura turística.
Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo cabo-verdiano baixou a previsão de crescimento de seis por cento para quateo por cento.
-0- PANA CS/DD 02maio2022