Presidente cabo-verdiano exorta Governo a debelar causas da insegurança
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, exortou terça-feira o Governo a debelar as causas da insegurança, um fenómeno que ultimamente alterou a tranquilidade dos cidadãos, especialmente na cidade da Praia, a capital.
Na sua tradicional mensagem de Ano Novo dirigida ao país, através da rádio e da televisão públicas, o chefe de Estado cabo-verdiano sublinhou a necessidade de se continuar a criar as condições "para debelar um problema que nos tempos recentes alterou, espero que episodicamente e de forma localizada, a tranquilidade dos cidadãos que estava a enraizar-se entre nós”.
Neste sentido, Jorge Carlos Fonseca considerou ser de "maior importância" a entrada em vigor da nova lei do álcool, aprovada por unanimidade pelo Parlamento, mas pediu a participação das pessoas e das famílias, para além das autoridades, na sua efetiva aplicação.
"Alcançar, em todo o território nacional, níveis razoáveis de segurança, é fundamental para que continuemos, em crescendo, a ser um país de liberdade e uma democracia cada vez mais sólida. Devemos, para tanto, reavaliar meios, recursos, metodologias, sempre com sentido de objetividade e racionalidade", salientou.
Os vários crimes com arma de fogo e arma branca que têm acontecido na cidade da Praia, nos últimos meses, levaram o Governo a aprovar, em novembro passado, medidas para combater a criminalidade urbana no país, incluindo a revisão da lei das armas e o agravamento de penas em caso de reincidência criminal.
Sobre o ano que acaba de findar, o Presidente cabo-verdiano reconheceu que 2019 foi um "ano de dificuldades", por causa ainda de mais um período de chuvas muito escassas.
Esta escassez motivou, pelo terceiro ano consecutivo, uma nova seca no país, "o que tem condicionado a vida de milhares de agricultores e de criadores de gado".
Neste sentido, disse que "o desafio dos desafios" do país é a criação de condições para que seja cada vez menos dependente das chuvas, cada vez mais aleatórias com as alterações climáticas.
Para o próximo ano, o Presidente da República lembrou que o país vai celebrar o 45º aniversário da Independência nacional e também vai iniciar um ciclo eleitoral, com as autárquicas.
Por isso, considerou ser "decisivo" os desafios da qualificação e extensão da democracia e da cultura constitucional, do aprimoramento e fortalecimento dos pilares do Estado de Direito.
Jorge Carlos Fonseca notou que o país ainda enfrenta problemas a nível do desemprego e das desigualdades sociais e regionais, entendendo que devem ser atenuados, através da adoção e execução de políticas adequadas e criativas.
No entanto, ela assinalou que Cabo Verde continua a ser “um país estável, com coesão social, com as instituições a funcionar normalmente, ativos que temos de preservar, e a economia a crescer".
De igual modo, Jorge Carlos Fonseca salientou a necessidade de o país crescer mais e de forma mais equilibrada para gerar emprego.
O chefe de Estado cabo-verdiano exortou ainda o Governo a prosseguir os esforços para a consolidação e diversificação do turismo, o motor da economia, que contribui com 22 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Jorge Carlos Fonseca também destacou o "impacto extremamente positivo" da elevação da morna a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, dizendo que Cabo Verde e cada Cabo-verdiano "estão de parabéns".
"O Governo e todos os que, com denodo e competência, se entregaram a esta nobre tarefa merecem o nosso reconhecimento", disse a terminar aquela que foi a sua penúltima mensagem de fim de ano como Presidente da República, uma vez que termina o seu segundo mandato presidencial, em 2021.
-0- PANA CS/IZ 01jan2020