Presidente cabo-verdiano destaca papel da mulher africana na sobrevivência das populações
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente da Republica de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, o papel da Mulher Africana como suporte da pequena economia que constitui o garante da sobrevivência das populações africanas, apurou a PANA, na cidade da Praia, de fonte oficial.
Na sua mensagem alusiva ao Dia da Mulher Africana, celebrado, 31 de julho, Jorge Carlos Fonseca sublinha que foram elas que, durante séculos seus maridos e filhos transformados em mão-de-obra escrava, enviada para o continente americano e o Médio Oriente, garantiram a solidez das sociedades africanas, estruturadas em bases matriarcais.
Para o Chefe do Estado cabo-verdiano, ainda nos dias de hoje, são as mulheres que garantiram também a continuidade da sua cultura na diáspora e estiveram ao lado e na retaguarda daqueles que procuraram, em tempos mais próximos, a liberdade, através da luta armada, ou da disputa política, nos processos de democratização dos seus países.
Do seu ponto de vista, África não é um país, a mulher africana não é uma só, mas ao contrário do que acontece noutros continentes e regiões do globo, a mulher africana ainda mantém traços muito comuns, no que se refere às suas carências e condições de vida.
“Celebra-se mais um Dia da Mulher Africana, a madre primordial, de um continente que deu à luz a humanidade. Esta mulher africana, que nos surge muitas vezes como jovem sorridente, mulher dedicada e trabalhadora ou nobre anciã, faz parte do imaginário de todos e é elemento central do nosso universo afectivo”, acentuou.
Segundo o Presidente cabo-verdiano, o processo de desenvolvimento, que se iniciou com as independências, veio com sobressaltos devido a problemas económicos, estruturais, de governação e de rupturas políticas, que resultam numa instabilidade permanente em muitos dos países do continente.
Jorge Carlos Fonseca sublinhou que as mulheres, a par das crianças, são as principais vítimas deste processo atribulado. No entanto, ele considera que, apesar do desanuviar lento dos dias mais cinzentos e com alguma estabilidade que vai chegando, a sua condição, infelizmente, não vem sendo alvo da devida atenção por parte da maioria dos governos.
“Continuamos a ver, com muita tristeza, levas de refugiados, nomeadamente, nos países da região dos Grandes Lagos, em que as imagens nos mostram milhares de mulheres com as suas casas e vidas à cabeça, com filhos às costas ou pelas mãos”, assinalou.
Mas são estas mesmas mulheres que, segundo o Chefe de Estado cabo-verdian, depois de violentadas e mal tratadas, são capazes de sufocar no peito a dor e o sofrimento, e lançar mãos ao trabalho para garantir o sustento dos seus filhos, fazendo milagres para levar as suas vidas para a frente.
Ele apontou, por outro lado, que a violação de vários direitos e a forma negligente como ainda é vista no mercado de trabalho, impedem que as mulheres africanas conheçam, na maioria dos casos, uma melhoria nos seus salários e no acesso aos postos de trabalho de melhor remuneração, e ao reconhecimento social das suas competências, em sociedades ainda cristalizadas numa postura profundamente conservadora.
“É sabido como, em tempos de crises económicas e sanitárias, são elas as primeiras vítimas, aquelas que mais sofrem com o impacto dos solavancos e da instabilidade social”, salientou.
Contudo, Jorge Carlos Fonseca destaca na sua mensagem que as mudanças estão a chegar, sobretudo no espaço urbano, onde para além de se levantarem cedo para preparar o café da manhã para a família, tratar dos filhos e levá-los à escola, muitas são aquelas que se dirigem depois para as suas empresas, postos de trabalho de destaque, para dar aulas nas universidades, investigar em laboratórios, tomar decisões políticas importantes.
No seu entender, essas atitudes contribuem para melhorar o estatuto social do seu género, deitando abaixo barreiras sociais e culturais, fazendo delas uma força importante no processo produtivo e para o desenvolvimento dos seus países.
“Se a África é o continente que reúne todas as esperanças para o nosso futuro, a mulher africana é, sem dúvida, o garante dessa força indómita, capaz de cobrir de amor, carinho e esperança todos os seus filhos como a sombra da árvore na savana”, concluiu.
O Dia da Mulher Africana consagrado à reflexão do papel da classe feminina de África na sociedade, foi instituído a 31 de julho de 1962, em Dar-Es-Salaam, Tanzânia, por 14 países e oito movimentos de libertação, na Conferência das Mulheres.
A instituição desta efeméride surgiu quando foi criada a organização Pan-africana das Mulheres, que tinha o objetivo de discutir o papel da mulher na reconstrução de África a nível da educação, da garantia da paz e da democracia.
-0- PANA CS/DD 31julho2020