Presidente cabo-verdiano apela a mudanças de atitudes de compatriotas perante as crises
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, exortou, terça-feira, os seus concidadãos a mudarem de atitudes e comportamentos de modo a darem respostas coletivas às crises que o país enfrenta devido à pandemia da covid-19 e aos efeitos da guerra na Ucrânia.
O apelo do chefe Estado cabo-verdiano foi feito no seu primeiro discurso oficial das comemorações dos 47 anos da independência de Cabo Verde (05 de julho de 1975) enquanto Presidente da República, pronunciado numa sessão solene da Assembleia Nacional (Parlamento).
Nessa ocasião, José Maria Neves disse estar “contente” com as medidas tomadas recentemente pelo Governo para fazer face aos impactos da guerra na Ucrânia no país.
No entanto, alertou que estas crises, que estão a prejudicar de uma forma mais dura uma determinada parte da população, os mais pobres, merecem respostas coletivas.
“Tudo deve ser feito para impedir o agravamento das desigualdades sociais e garantir a manutenção da coesão social”, defendeu o estadista cabo-verdiano.
Numa intervenção, que alternou entre crioulo e português, tal como fez na tomada de posse, em 09 de novembro de 2021, também na Assembleia Nacional, este último disse acreditar, também, que normalmente há sempre espaço para melhoria, especialmente para beneficiar aqueles que as crises mais prejudicam.
Afirmou que as crises podem revelar-se como oportunidades para mudanças de atitudes e de comportamentos, sobretudo da juventude, a quem pediu “generosidade e criatividade” para se ultrapassar os desafios.
“Temos que acelerar o passo na transformação da economia, tornando-a mais diversificada, resiliente e inclusiva, operacionalizar as condições para o reforço da produção nacional de alimentos e das cadeias de valor para consolidarmos o turismo”, defendeu numa sala onde estiveram presentes mais altas individualidades do país, entre as quais o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva.
Referindo-se aos 47 anos da independência nacional, Jose Maria Neves fez um “balanço positivo” da caminhada, enumerando “grandes conquistas.”
Porém, considerou que o arquipélago precisa de ultrapassar “novas barreiras” para continuar a “surpreender” o mundo.
Quarenta sete anos após a independência e 32 anos depois da transição para a democracia, o chede de Estado considerou ser “fundamental” alargar as condições para o “rigoroso cumprimento” dos direitos fundamentais.
“Pela ampliação da revolução liberal iniciada nos anos [19]90 e consolidação do liberalismo político em Cabo Verde”, defendeu Neves, insistindo na necessidade do reforço da democracia representativa e da autonomia individual, bem como da despartidarização, despolitização e desburocratização da Administração Pública.
O chefe do Estado advogou ainda o regresso das comemorações da independência também a todos os sítios do país e na diáspora, para quem pediu “medidas inovadoras” para facilitar a sua integração na sociedade cabo-verdiana.
O arquipélago enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística, desde março de 2020, devido à pandemia da covid-19.
Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), seguindo-se um crescimento de sete por cento em 2021, impulsionado pela retoma da procura turística.
Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo cabo-verdiano baixou a previsão de crescimento de seis por cento para quatro por cento e prevê uma inflação a rondar os oito por cento, muito acima de 1,9 por cento registado em 2021.
-0- PANA CS/DD 06julho2022