PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Presidente burundês entre primeiros "contribuintes" para orçamento de eleições de 2020
Bujumbura, Burundi (PANA) - O chefe de Estado burundês, Pierre Nkurunziza, pagou segunda-feira ao Banco Central cinco milhões de francos burundeses, ou seja, um pouco mais de dois mil e 941 dólares americanos como contribuição pessoal para o autofinanciamento das eleições gerais de 2020 no país, relatou terça-feira a rádio pública.
Durante as anteriores eleições gerais de 2015, os parceiros técnicos e financeiros tradicionais do Burundi não honraram as suas promessas, invocando falta de transparência e de equidade na sua preparação e organização.
Assim, para romper com esta dependência do exterior, o Presidente Nkurunziza anunciou, a 1 de julho último, a abertura no Banco Central duma conta para receber as contribuições dos cidadãos.
O chefe de Estado burundês continua contudo no centro duma controvérsia em redor das eleições gerais de 2015, por ter disputado e obtido um terceiro mandato à frente do país julgado contrário à Constituição e ao acordo de agosto de 2000, em Arusha, na Tanzânia, sobre a paz e a reconciliação.
Os meios da oposição e da sociedade civil burundesas atribuem-lhe a intenção de querer disputar um quarto mandato em 2020, antes mesmo da resolução do contencioso eleitoral de 2015.
Para além das fronteiras nacionais, as Nações Unidas multiplicaram, nos últimos tempos, advertências contra uma possível deterioração da situação no Burundi na eventualidade dum quarto mandato.
Os relatórios onusinos baseiam-se, nomeadamente nalguns sinais, como o processo em curso relativo à revisão da Constituição.
Uma comissão técnica já está criada para propor, antes do fim deste ano, as emendas a fazer à Constituição que data do período de transição no termo da guerra civil de 1993 a 2003.
Uma outra comissão nacional de diálogo político já entregou a sua cópia ao chefe de Estado com a principal recomendação de apagar o limite constitucional do número de mandatos presidenciais.
O debate acaba de começar e um bloguista burundês muito seguido, Roland Rugero, reforçou a tendência, apostando numa "morte do debate" a respeito da limitação dos mandatos em África.
"Há uma apreensão quase lúdica, quando se olha para a forma como a maioria dos apoiantes do terceiro mandato de Nkurunziza aplaudem com duas mãos a reeleição do seu homólogo Paul Kagamé para um quinto mandato depois de ter modificado a Constituição", escreveu.
Por isso, "cada vez que as potências do mundo criticarem os Presidentes africanos que querem eternizar-se no poder, deveremos perguntar-lhes, com olhos de grande surpresa, a razão do seu silênçio face ao caso rwandês", prossegue o bloguista que se diz convencido de que "várias constituições vão mudar em África" e que, para a democracia, "será preciso apenas uma boa comunicação".
Os mesmos Presidentes africanos, espertos como eles são, já pediram a Kagamé que pense na modernização da União Africana que ele presidirá em 2018", persiste o antigo jornalista independente atualmente refugiado no estrangeiro com outros colegas seus burundeses que fugiram a violenta crise eleitoral no seu país de origem.
-0- PANA FB/JSG/MAR/IZ 8ago2017
Durante as anteriores eleições gerais de 2015, os parceiros técnicos e financeiros tradicionais do Burundi não honraram as suas promessas, invocando falta de transparência e de equidade na sua preparação e organização.
Assim, para romper com esta dependência do exterior, o Presidente Nkurunziza anunciou, a 1 de julho último, a abertura no Banco Central duma conta para receber as contribuições dos cidadãos.
O chefe de Estado burundês continua contudo no centro duma controvérsia em redor das eleições gerais de 2015, por ter disputado e obtido um terceiro mandato à frente do país julgado contrário à Constituição e ao acordo de agosto de 2000, em Arusha, na Tanzânia, sobre a paz e a reconciliação.
Os meios da oposição e da sociedade civil burundesas atribuem-lhe a intenção de querer disputar um quarto mandato em 2020, antes mesmo da resolução do contencioso eleitoral de 2015.
Para além das fronteiras nacionais, as Nações Unidas multiplicaram, nos últimos tempos, advertências contra uma possível deterioração da situação no Burundi na eventualidade dum quarto mandato.
Os relatórios onusinos baseiam-se, nomeadamente nalguns sinais, como o processo em curso relativo à revisão da Constituição.
Uma comissão técnica já está criada para propor, antes do fim deste ano, as emendas a fazer à Constituição que data do período de transição no termo da guerra civil de 1993 a 2003.
Uma outra comissão nacional de diálogo político já entregou a sua cópia ao chefe de Estado com a principal recomendação de apagar o limite constitucional do número de mandatos presidenciais.
O debate acaba de começar e um bloguista burundês muito seguido, Roland Rugero, reforçou a tendência, apostando numa "morte do debate" a respeito da limitação dos mandatos em África.
"Há uma apreensão quase lúdica, quando se olha para a forma como a maioria dos apoiantes do terceiro mandato de Nkurunziza aplaudem com duas mãos a reeleição do seu homólogo Paul Kagamé para um quinto mandato depois de ter modificado a Constituição", escreveu.
Por isso, "cada vez que as potências do mundo criticarem os Presidentes africanos que querem eternizar-se no poder, deveremos perguntar-lhes, com olhos de grande surpresa, a razão do seu silênçio face ao caso rwandês", prossegue o bloguista que se diz convencido de que "várias constituições vão mudar em África" e que, para a democracia, "será preciso apenas uma boa comunicação".
Os mesmos Presidentes africanos, espertos como eles são, já pediram a Kagamé que pense na modernização da União Africana que ele presidirá em 2018", persiste o antigo jornalista independente atualmente refugiado no estrangeiro com outros colegas seus burundeses que fugiram a violenta crise eleitoral no seu país de origem.
-0- PANA FB/JSG/MAR/IZ 8ago2017