Presidente Apha Condé candidata-se à sua sucessão na Guiné-Conakry
Conakry, Guiné (PANA) – A Coligação do Povo da Guiné-Conakry (RPG, no poder) designou sem surpresa o Presidente cessante, Alpha Condé, como seu candidato às eleições presidenciais de 18 de outubro próximo, constatou a PANA no local.
A designação de Alpha Condé teve lugar no termo da Convenção Nacional da RPG que durou 48 horas.
Presente no encontro para defender as cores da RPG e dos partidos aliados na Sala dos Congressos do “Palácio do Povo”, o candidato disse ter tomado "boa nota" da decisão da Convenção Nacional.
Mas os partidos da oposição denunciaram esta decisão e advertiram que não participarão no escrutínio se o Presidente cessante for candidato.
Vindos das oito províncias do país, os delegados à Covenção , entres militantes da RPG e de partidos aliados, afirmaram que "ainda não existe", no país, candidato melhor que Condé.
Alpha Condé está no seu segundo e último mandato constitucional de cinco anos que termina, em outubro próximo.
Mas a nova Constituição, aprovada a 22 de março passado num referendo boicotado por vários partidos da oposição, permite ao chefe de Estado cessante disputar um novo mandato, desta vez alargado a seis anos, renovável uma vez.
O Presidente Condé, que nunca fez uma declaração clara sobre a sua possível candidatura além do segundo e último mandato de cinco anos, sempre se limitou a declarar que "o povo decidirá".
Durante a Convenção Nacional, os intervenientes afirmaram que, em 10 anos, o chefe de Estado cessante tomou medidas, nomeadamente colocando o país "na via do desenvolvimento económico" e da democracia porque, dizem, “não há presos políticos no país”.
Na véspera da abertura da reunião da Convenção Nacional da RPG, os ataques tornaram-se quase diários na imprensa e nas rádios comunitárias contra o Imam Ratib de Conakry, El hadj Mamadou Saliou Camara, acusado de não desempenhar o seu papel.
Os críticos de Saliou Camara defendem que este devia ter a mesma postura que o seu homólogo do Mali, Mahmoud Dicko, que desde julho passado lidera uma rebelião contra a "má governação" no seu país.
“Eu não insulto ou amaldiçoo ninguém. Não faço política como o meu homólogo do Mali que, no entanto, participou na eleição, em 2013, do chefe de Estado do Mali", declarou à imprensa reagindo aos ataques contra ele.
No entanto, no seu sermão da festa do Eid El Kebir, celebrado na semana passada, ele disse que implorou a Deus para não dar poder àqueles que querem confiscá-lo e àqueles que não se preocupam com a unidade nacional.
Há mais de um ano, a Frente Nacional de Defesa da Democracia (FNDC), formada por atores da sociedade civil, artistas, políticos, entre outros, organizou várias manifestações de protesto.
Incialmente pacíficas, estas manifestações acabaram em violência, fazendo vários mortos entre a Polícia e manifestantes.
A pedido da Associação dos Pais de Alunos com fundamento na realização de exames nacionais, neste momento, a FNDC aceitou adiar a nova manifestação, marcada para esta quinta-feira, em todo o país, segundo os organizadores.
Mas estes últimos prometem ir "até ao fim", para forçar Condé a deixar o poder.
-0- PANA AC/BEH/MAR/IZ 07agosto2020