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Prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus participa em simpósio sobre microfinancas em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - Muhammad Yunus, Prémio Nobel da Paz em 2006, vai participar na quarta edição da Cabo Verde Next (CVNEXT), um simpósio para troca de experiências sobre o papel das microfinanças, a decorrer de 23 a 24 de maio corrente, na capital cabo-verdiana, apurou a PANA de fonte da organização.

Antigo professor de Economia e fundador do Gremeen Bank – Bangladesh, uma das maiores instituições de microcrédito a nível mundial, Muhammad Yunus recebeu o Nobel da Paz pelos seus esforços para tirar populações da pobreza extrema, concedendo-lhes pequenos empréstimos.

Em 1976, ao perceber que os bancos recusavam emprestar aos mais pobres, que não ofereciam garantias, Yunus criou o Banco Grameen, no Bangladesh, que empresta pequenas quantias sem exigir garantias, papéis ou identificação.

Ele vai estar em dois momentos distintos durante a sua estada, na Cidade da Praia, sendo primeiro no Auditório da Caixa Económica de Cabo Verde (CECV), na Várzea, na conferência Magna sobre as Microfinanças e o Negócio Social, dia 23, e, no dia seguinte, na quarta 3dição da CVNEXT, que este ano se realiza, no Mercado do Plateau.

Cabo Verde Next é uma iniciativa que reúne mentes criativas e inovadoras, estudantes, académicos, homens de negócios, empreendedores e políticos que produzem impactos na arte, na ciência e na tecnologia, assim como em outras áreas de capital interesse.

O simpósio tem o “alto patrocínio” do Governo e também do Citi-Habitat, bem como da Associação Profissional das Instituições de Microfinanças de Cabo Verde – APIMF-CV e da Plataforma das ONG de Cabo Verde e da FAO.

O evento visa ainda recolher subsídios e contribuir para a construção de um sistema financeiro internacional ao serviço dos cidadãos e das empresas, ético e socialmente responsáveis.

Em declarações aos jornalistas, o presidente da Associação Profissional das Instituições de Microfinanças de Cabo Verde, Jacinto Santos, disse que a presença do Prémio Nobel da Paz de 2006 vai ser uma oportunidade para colocar a experiência do sudoeste asiático em diálogo com a experiência africana, sobretudo com a África Ocidental neste domínio.

"É bom que Cabo Verde saiba aproveitar todas essas experiências para criar o seu modelo próprio de desenvolvimento das microfinanças, inserido no sistema financeiro, portanto não como um elemento à parte, mas como ator a parte inteira do sistema financeiro nacional”, disse.

Jacinto Santos disse que a orientação oficial do Governo vai nesse sentido, tal como também é orientação recente do Bureau Internacional do Trabalho (BIT), “recomendando aos governos para olharem para as microfinanças não como meros canais de distribuição de microcrédito, mas como verdadeiros instrumentos de promoção de desenvolvimento".

Também o secretário de Estado para as Finanças, Gilberto Barros, considera que receber a experiência asiática, que é uma referência, será uma mais-valia para Cabo Verde.

"Para aprender temos que trocar impressões, trocar experiências com todo o mundo, ouvir, e também partilhar a nossa experiência, porque Cabo Verde também tem as suas experiências, mas assim é que olhamos para aquilo que basicamente são chamadas melhores praticas”.

Neste sentido, Gilberto Barros sublinha que o simpósio vai permitir inteirar-se das melhores praticas, mas não só aprender da Ásia, também com os países africanos que vão apresentar a sua experiência.

-0- PANA CS/IZ 19maio2019