Preço do milho para produção de ração aumenta 32 por cento em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Governo de Cabo Verde anunciou, sexta-feira, que as oscilações no mercado internacional, desde início da pandemia da covid-19, justificam o aumento de 32 por cento em 2021 registado no preço do milho para produção de ração animal, em relação ao ano anterior.
Em conferência de imprensa, na cidade da Praia, o secretário de Estado para a Economia Agrária, Miguel Ângelo da Moura, sublinhou que este produto nunca foi objeto de qualquer tipo de regulação por parte do Estado de Cabo Verde.
Razão pela qual, prosseguiu, o seu preço médio nos consumidores resulta das interações entre as forças de oferta e da procura, designadamente disponibilidade, taxas de câmbio, transportes e seguros.
Explicou que o milho a granel tem sofrido importantes oscilações a nível internacional, na ordem dos 24 por cento, com tendência sempre em alta, desde o início da pandemia da covid-19, que se acentuaram a partir de outubro de 2020.
Conforme Miguel Ângelo da Moura, as oscilações dos preços nos principais mercados internacionais tiveram reflexo em Cabo Verde, como custos de outros fatores, o frete internacional, o câmbio do dólar, estivas nos portos do país, o armazenamento, entre outros.
A título de exemplo, ele referiu que, no primeiro trimestre de 2021, o preço médio do milho grossista no mercado cabo-verdiano registou o valor mais elevado até à presente data, de 1.855 escudos (17 euros) por cada saco de 50 quilos, sendo o valor mais elevado registado na ilha do Fogo, acima de 1.945 escudos (17,6 euros).
Da Moura avançou que, durante o ano findo, o preço médio se situou em 1.515 escudos (13,7 euros) por saco de 50 quilos, representando um aumento de cerca de 32 por cento, em relação ao preço praticado em 2020.
"Os impactos na produção de ração animal só não foram mais gravosos graças às medidas do Governo para mitigar seus efeitos no setor da pecuária", sublinhou Miguel da Moura, lembrando que a manutenção das medidas de subsidiação acarreta "elevados custos" para o Estado e, em última instância, para os contribuintes.
Acrescentou a estes fatores riscos de deformação do mercado pela via da especulação dos preços.
Afirmou que o estoque do milho é assegurado por empresas privadas, estando a reposição prevista para domingo último, com 5.000 toneladas provenientes da Argentina, dos quais 3.000 destinadas aos silos da Praia, em Santiago, e os restantes aos do Mindelo, na ilha de São Vicente.
"Prevê-se uma gradual retoma do abastecimento normal do milho no mercado até à próxima importação, a ser efetuada pelas empresas CIC e Umpranimal, agendada para o próximo mês de fevereiro", informou.
O secretário de Estado recordou que o Governo tem vindo a apoiar o setor, com medidas extraordinárias de mitigação, quer pelos efeitos da pandemia, quer pelos resultados do mau ano agrícola, mas sublinhou que a pecuária é uma atividade económica eminentemente privada.
Neste sentido, aconselhou os criadores de gado a ajustarem os seus processos produtivos em função da matéria-prima, à semelhança dos fabricantes de outros produtos, e incorporarem as oscilações e/ou subidas dos custos de fatores de produção, deixando espaço para a autorregulação.
Garantiu que não haverá fim da pecuária em Cabo Verde, particularmente na ilha do Fogo, dizendo que a resiliência tem sido o mote sempre que há oscilações de mercados.
-0- PANA CS/DD 15jan2022