Praga de gafanhotos "praticamente controlada" em Cabo Verde, diz Governo
Praia, Cabo Verde (PANA) - O ministro cabo-verdiano da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, garantiu, segunda-feira, na cidade da Praia, que a praga de gafanhotos que assola o país está "praticamente controlada".
No entanto, o governante advertiu que, apesar dos resultados positivos já obtidos no combate à praga, as autoridades cabo-verdianas vão continuar a monitorização, uma vez que, disse, "se há casa dos gafanhotos é o Sahel e, portanto, o que torna necessário também controlar todo o ciclo de reprodução".
O ministro falava aos jornalistas, à margem de um 'workshop' regional sobre a gestão sustentável da praga da lagarta-do-cartucho do milho, realizada na cidade da Praia.
Ele sublinhou que não é só Cabo Verde que tem tido episódios de surgimento massivo de gafanhotos, mas que o país vai "fazer tudo" para que situações dessa natureza não se verifiquem, e, se se verificarem, "dar combate de imediato".
"Da mesma forma em relação à lagarta-do-cartucho do milho, estamos bastante engajados na procura de soluções de luta biológica.
"Ou seja, também estamos engajados na construção de uma biofábrica para produção do inimigo natural dos gafanhotos, para ver se nós reduzimos a probabilidade da sua multiplicação em massa e afetar as nossas culturas", prosseguiu o ministro.
Depois de três anos consecutivos de seca, voltou a chover este ano em Cabo Verde, e uma praga de gafanhotos, a maior dos últimos 50 anos, começou a afetar as terras áridas e semiáridas das ilhas de Santiago, Brava, São Nicolau e São Vicente.
O combate está a ser feito com produtos químicos, mas as autoridades vão construir uma fábrica para, a partir do próximo ano, começar a produzir um produto para o combate biológico.
O ministro da Agricultura e Ambiente anunciou, segunda-feira, que o Governo de Cabo Verde já conseguiu do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) o financiamento de um milhão do dólares para combater a praga da lagarta-do-cartucho do milho.
"Vamos muito proximamente montar mais um laboratório, desta feita no Fogo, para podermos ter capacidade de, nas três ilhas mais agrícolas do país, produzir os inimigos naturais da praga. Mas vamos ter que mobilizar mais parcerias ao nível do orçamento do Estado e junto dos nossos parceiros para podermos fazer face, de facto, a esta situação", explica.
Para a representante da FAO em Cabo Verde, Ana Laura Touza, a lagarta-do-cartucho tem custos elevados, sobretudo, na economia familiar.
"O impacto na economia familiar é milionário. O milho é uma cultura alimentar, então tem a ver diretamente com os meios de subsistência das famílias", avançou.
O workshop regional sobre a gestão sustentável da lagarta-de-cartucho, em África, decorre até ao próximo dia 24 de outubro e reúne 100 técnicos especialistas de países africanos que trabalham na gestão da lagarta-de- cartucho.
-0- PANA CS/IZ 22out2019