Portugal converte amortização da dívida de Cabo Verde em financiamento climático
Praia, Cabo Verde (PANA) - O primeiro-ministro português, António Costa, anunciou, segunda-feira, na cidade cabo-verdiana do Mindelo, que todo o montante da amortização da dívida de Cabo Verde a Portugal, a atingir os 12.000.000 euros até 2025, será "integralmente investido" no fundo cabo-verdiano para o clima e transição energética.
O acordo da utilização do montante resultante da amortização da dívida de Cabo Verde a Portugal, em 2021, ascendia a mais de 600.000.000 euros, anunciaram conjuntamente Costa e o seu homólogo cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, à margem da Cimeira dos Oceanos (Ocean Race Summit), ocorrida no Mindelo, na ilha de São Vicente.
O mesmo acordo prevê que, cada vez que Cabo Verde liquidar valores do pacote global, essa verba será reinvestida no país pelo Governo português.
Na ocasião, António Costa defendeu que "nenhum país será sustentável se todos os países não forem sustentáveis", sublinhando que este é "um trabalho que tem de ser feito em conjunto."
"É por isso que Portugal quer comparticipar no fundo que Cabo Verde está a criar para o clima e a transição energética, investindo integralmente todo o montante em amortização da dívida de Cabo Verde a Portugal", reiterou.
Costa disse ainda que, "além da contribuição financeira, os portugueses contam poder ser envolvidos, mobilizados para contribuir nos mais diversos domínios" onde têm especialização de eficência energética.
O chefe do Governo português indicou que "as alterações climáticas são seguramente o maior desafio que a humanidade enfrenta nos dias de hoje".
"Digo hoje porque, para atingir os objetivos a que nos comprometemos todos em 2050, esse caminho tem que ser feito hoje", precisou.
Por sua vez, o primeiro-ministro cabo-verdiano disse esperar que o comprometimento de Portugal com a boa cooperação com Cabo Verde possa servir para o reforço do compromisso com a proteção dos oceanos e com o desenvolvimento sustentável.
Ulisses Correia e Silva disse que a decisão de criar um Fundo Climático e Ambiental visa responder a uma necessidade de tornar o arquipélago mais resiliente e com uma economia mais diversificada.
“Esse fundo vai ser dedicado essencialmente à aceleração da nossa transição energética. É claro que relativamente à construção desse fundo queremos ter diversas contribuições, quer de parceiros bilaterais quer multilaterais e do próprio Estado de Cabo Verde, através do seu Orçamento de Estado”, referiu.
Ulisses Correia e Silva sublinhou que “a ação pioneira visa mostrar ao mundo que Cabo Verde está à frente e com boa vontade na resolução de muitos dos problemas que o mundo enfrenta.”
-0- PANA CS/DD 24jan2024