Portugal antecipa envio de vacinas contra covid-19 a Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - Portugal decidiu antecipar o calendário de envio de vacinas contra a covid-19 para Cabo Verde, dado o agravamento circunstancial da situação pandémica vivida por este país, anunciou o ministro português de Estado e Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Santos Silva falava, na capital portuguesa, numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo cabo-verdiano, Rui Figueiredo Soares.
Se tudo correr bem, disse, ainda em maio próximo ou pelo menos em junho próximo, "procederemos ao envio de um primeiro lote de vacinas para Cabo Verde".
O Governo português anunciou, em fevereiro último, ter reservado cinco por cento dos seus cerca de 30 milhões de vacinas conta a covid-19 para os países africanos lusófonos e Timor-Leste, apontando, para o segundo semestre do ano, o envio das primeiras doses.
O chefe da diplomacia portuguesa adiantou que a quantidade máxima de vacinas a enviar neste primeiro lote ainda está a ser estudada, assegurando no entanto que serão pelo menos 10 mil.
O governante português anunciou ainda a deslocação, nos próximos dias, a Cabo Verde de uma missão do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, para estudar no terreno "o apoio a ser prestado imediatamente" na administração de vacinas e disponibilização de equipamentos médicos de apoio no combate à pandemia.
Cabo Verde, que viveu duas semanas de campanha eleitoral para as legislativas de 18 de abril corrente, registou, nos últimos dias, os piores números de infeções e mortes pela covid-19, acumulando, desde o início da pandemia, 211 mortos e 22 mil 772 infeções pelo novo coronavírus.
"Julgamos justificada esta antecipação e esperamos que seja útil e apoie Cabo Verde neste momento", afirmou Santos Silva.
O governante português anunciou também o alargamento, "pelo menos até final do ano", da moratória atualmente em vigor sobre o serviço da dívida de Cabo Verde a Portugal.
A dilatação deste prazo deverá, segundo Santos Silva, "dar tempo de ver em conjunto formas de gestão da dívida realistas, exequíveis e que possam ajudar na recuperação económica de Portugal e Cabo Verde."
Por sua vez, Rui Figueiredo Soares, que visita pela primeira vez oficialmente Portugal na qualidade de chefe da diplomacia cabo-verdiana,
Agradeceu a disponibilidade de Portugal para "acudir ao momento especial da pandemia em Cabo Verde", não apenas com equipas médicas, mas especialmente na antecipação do envio de vacinas.
"Para Cabo Verde, a vacina é importantíssima para que possamos retomar a economia, essencialmente dependente do turismo, e será fundamental vacinarmos a população para podermos ter melhores condições de sobrevida das pessoas", afirmou.
Rui Figueiredo manifestou também satisfação pelas "intenções" do Governo português relativamente ao alargamento da moratória e da reavaliação da dívida.
"Sabemos que Portugal também vive as suas dificuldades, e, uma vez mais, registamos esta atitude nobre", frisou.
O Governo português concedeu uma moratória de seis meses sobre empréstimos diretos concedidos a Cabo Verde e a São Tomé e Príncipe, no quadro das medidas de mitigação dos impatos económicos, sociais e sanitários provocados pela pandemia de covid-19.
A medida responde ao repto lançado pelo Clube de Paris, entidade criada informalmente em 1956 para apoiar países em dificuldades económicas, e pelo G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, "a todos os credores bilaterais oficiais e privados, para uma mobilização mundial no apoio aos países menos desenvolvidos, através da 'Iniciativa de suspensão do serviço de dívida."
Cabo Verde defende uma "reconversão" da dívida de 600 milhões de euros a Portugal em "investimentos estratégicos" no arquipélago, em "condições que sejam do interesse" de ambos os países.
-0- PANA CS/DD 29abril2021