PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Política externa de Cabo Verde anda “à deriva”, diz oposição
Praia, Cabo Verde (PANA) – A política externa de Cabo Verde "anda à deriva”, marcada por decisões “ligeiras, avulsas, desarticuladas” e com vozes diferentes, denunciou sexta-feira o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), principal força da oposição no arquipélago.
Em conferência de imprensa, na Cidade da Praia, para analisar os recentes episódios da política externa cabo-verdiana, particularmente no concernente ao posicionamento de Cabo Verde nas instâncias internacionais, o vice-presidente do PAICV, Rui Semedo, sublinhou a necessidade de haver “voz única” nesta matéria e com “interlocutores claros”.
Em causa está a polémica surgida com as informações que circularam, nos últimos dias, nos meios de Comunicação Social e nas redes sociais, segundo as quais o primeiro-ministro isrealita, Benjamin Netanyahu, disse ter ecebido garantias de que Cabo Verde iria deixar de votar contra Israel nas Nações Unidas e noutras instâncias internacionais.
Para Rui Semedo, este é mais um caso que veio juntar-se aos demais episódios de desarticulação, de desencontros e de desacertos entre o Presidente da República e o Governo, num curto período de governação do primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva.
Para o vice-presidente do maior partido da oposição no arquipélago, as relações entre Israel e Cabo Verde devem pautar-se “com base na tradição, na Constituição e nas leis do país”.
“Cabo Verde deve refletir, ponderar, analisar e tomar uma posição própria, consoante os acordos e princípios que conformam a Constituição da República, de acordo com o pensamento próprio de um país independente e com interesse a preservar”, anotou.
Rui Semedo disse que o PAICV não reagiu antes ao “post” do primeiro-ministro de Israel na sua conta Twitter, porque não deu credibilidade à noticia, mas que aguardava pacientemente pela reação das autoridades nacionais, considerando que uma “decisão desta natureza, para além de ligeira, descredibilizaria a diplomacia cabo-verdiana".
Ele considera que houve reações tardias tanto por parte do chefe de Estado como por parte do Governo de Cabo Verde ao post do primeiro-ministro de Israel.
“As reações tardias das autoridades nacionais fizeram acreditar que este fumo deveria estar a ser alimentado por um fogo real, embora camuflado e escondido dos Cabo-verdianos”, disse.
Ainda assim, Rui Semedo considera que a declaração do Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, “embora tardia, veio pelo menos tranquilizar os espíritos dos cidadãos destas ilhas, com o desmentido do seu envolvimento nesta novela, que fez correr muita tinta e colocou Cabo Verde na boca do mundo pelas piores razões”.
Contudo, ele alerta que “este desmentido à afirmação do primeiro-ministro de Israel, se, por um lado, nos tranquiliza a todos, por outro lado, poderá ter criado e aberto um incidente com este país que, à luz desta afirmação, está a ser liderado por alguém que lida mal com a verdade”.
Semedo considera que Jorge Carlos Fonseca, para além de “retirar o seu corpo, de mansinho, desta tempestade, lavou as suas mãos e passou a bola ao Governo de Cabo Verde, que é responsável, à luz da Constituição da República, pela política externa".
Segundo ele, o Governo, para a surpresa de todos, em vez de assumir, de imediato e sem titubear, que não tinha nada a ver com este dossiê e que se trata de uma inverdade, optou por atacar a todos que reagiram com indignação a esta decisão e, para não variar, dirigindo-se com fúria em relação ao PAICV, que parece ser eleito inimigo de estimação e saco de pancada do partido no poder”.
Para o vice-presidente do PAICV, o comunicado do Governo, assumindo praticamente a posição de apoio a Israel, não fez mais do que uma tentativa de desvio da atenção do essencial, "de uma descarada desresponsabilização, de retirar o foco da questão e de, como sempre responsabilizar os outros".
“Hoje, depois de esgotados os mecanismos de fuga aos jornalistas, depois do desastroso comunicado, aparece o ministro dos Negócios Estrangeiros para nos dizer que, afinal, não há compromisso nenhum e que Cabo Verde continua a ter voz própria e a respeitar as decisões das Nações Unidas”.
Rui Semedo assinala que o desmentido do Governo fica, contudo, ensombrado com o comunicado governamental do passado dia 10, que ofende, injustificadamente, as pessoas, chamando-as de “desavisados e boiada de serviço”, poupando, contudo, o “touro internacional que despoletou esta espécie de hecatombe diplomática".
“Quem precisa de ofender os outros, desta forma, para desmentir um facto simples, demonstra, no mínimo, não estar de consciência tranquila e ter escondido algo que não quer compartilhar com os Cabo-verdianos", assinalou o vice-presidente do PAICV.
Para ele, "neste cartório da consciência dos nossos governantes, parece existir muita culpa encapotada difícil de disfarçar”.
Referindo-se ao modo como o país deve relacionar-se com o mundo, Semedo realçou que, para o PAICV (partido que esteve no poder de 2001 a 2016), a diplomacia e a política externa de Cabo Verde exigem responsabilidade, maturidade, bom senso, dignidade e coerência para se continuar a investir nas bases da construção de confiança e sedimentar e preservar as conquistas no capital de credibilidade.
“O PAICV entende que a esfera da política externa deve continuar a ser um eixo estratégico consensual para alavancar o desenvolvimento sustentável de Cabo Verde, baseado sempre na independência de pensamento, na coerência dos princípios constitucionais, no pragmatismo, na estabilidade e na defesa dos superiores interesses desta Nação Global, que é Cabo Verde”, concluiu.
-0- PANA CS/IZ 12ago2017
Em conferência de imprensa, na Cidade da Praia, para analisar os recentes episódios da política externa cabo-verdiana, particularmente no concernente ao posicionamento de Cabo Verde nas instâncias internacionais, o vice-presidente do PAICV, Rui Semedo, sublinhou a necessidade de haver “voz única” nesta matéria e com “interlocutores claros”.
Em causa está a polémica surgida com as informações que circularam, nos últimos dias, nos meios de Comunicação Social e nas redes sociais, segundo as quais o primeiro-ministro isrealita, Benjamin Netanyahu, disse ter ecebido garantias de que Cabo Verde iria deixar de votar contra Israel nas Nações Unidas e noutras instâncias internacionais.
Para Rui Semedo, este é mais um caso que veio juntar-se aos demais episódios de desarticulação, de desencontros e de desacertos entre o Presidente da República e o Governo, num curto período de governação do primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva.
Para o vice-presidente do maior partido da oposição no arquipélago, as relações entre Israel e Cabo Verde devem pautar-se “com base na tradição, na Constituição e nas leis do país”.
“Cabo Verde deve refletir, ponderar, analisar e tomar uma posição própria, consoante os acordos e princípios que conformam a Constituição da República, de acordo com o pensamento próprio de um país independente e com interesse a preservar”, anotou.
Rui Semedo disse que o PAICV não reagiu antes ao “post” do primeiro-ministro de Israel na sua conta Twitter, porque não deu credibilidade à noticia, mas que aguardava pacientemente pela reação das autoridades nacionais, considerando que uma “decisão desta natureza, para além de ligeira, descredibilizaria a diplomacia cabo-verdiana".
Ele considera que houve reações tardias tanto por parte do chefe de Estado como por parte do Governo de Cabo Verde ao post do primeiro-ministro de Israel.
“As reações tardias das autoridades nacionais fizeram acreditar que este fumo deveria estar a ser alimentado por um fogo real, embora camuflado e escondido dos Cabo-verdianos”, disse.
Ainda assim, Rui Semedo considera que a declaração do Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, “embora tardia, veio pelo menos tranquilizar os espíritos dos cidadãos destas ilhas, com o desmentido do seu envolvimento nesta novela, que fez correr muita tinta e colocou Cabo Verde na boca do mundo pelas piores razões”.
Contudo, ele alerta que “este desmentido à afirmação do primeiro-ministro de Israel, se, por um lado, nos tranquiliza a todos, por outro lado, poderá ter criado e aberto um incidente com este país que, à luz desta afirmação, está a ser liderado por alguém que lida mal com a verdade”.
Semedo considera que Jorge Carlos Fonseca, para além de “retirar o seu corpo, de mansinho, desta tempestade, lavou as suas mãos e passou a bola ao Governo de Cabo Verde, que é responsável, à luz da Constituição da República, pela política externa".
Segundo ele, o Governo, para a surpresa de todos, em vez de assumir, de imediato e sem titubear, que não tinha nada a ver com este dossiê e que se trata de uma inverdade, optou por atacar a todos que reagiram com indignação a esta decisão e, para não variar, dirigindo-se com fúria em relação ao PAICV, que parece ser eleito inimigo de estimação e saco de pancada do partido no poder”.
Para o vice-presidente do PAICV, o comunicado do Governo, assumindo praticamente a posição de apoio a Israel, não fez mais do que uma tentativa de desvio da atenção do essencial, "de uma descarada desresponsabilização, de retirar o foco da questão e de, como sempre responsabilizar os outros".
“Hoje, depois de esgotados os mecanismos de fuga aos jornalistas, depois do desastroso comunicado, aparece o ministro dos Negócios Estrangeiros para nos dizer que, afinal, não há compromisso nenhum e que Cabo Verde continua a ter voz própria e a respeitar as decisões das Nações Unidas”.
Rui Semedo assinala que o desmentido do Governo fica, contudo, ensombrado com o comunicado governamental do passado dia 10, que ofende, injustificadamente, as pessoas, chamando-as de “desavisados e boiada de serviço”, poupando, contudo, o “touro internacional que despoletou esta espécie de hecatombe diplomática".
“Quem precisa de ofender os outros, desta forma, para desmentir um facto simples, demonstra, no mínimo, não estar de consciência tranquila e ter escondido algo que não quer compartilhar com os Cabo-verdianos", assinalou o vice-presidente do PAICV.
Para ele, "neste cartório da consciência dos nossos governantes, parece existir muita culpa encapotada difícil de disfarçar”.
Referindo-se ao modo como o país deve relacionar-se com o mundo, Semedo realçou que, para o PAICV (partido que esteve no poder de 2001 a 2016), a diplomacia e a política externa de Cabo Verde exigem responsabilidade, maturidade, bom senso, dignidade e coerência para se continuar a investir nas bases da construção de confiança e sedimentar e preservar as conquistas no capital de credibilidade.
“O PAICV entende que a esfera da política externa deve continuar a ser um eixo estratégico consensual para alavancar o desenvolvimento sustentável de Cabo Verde, baseado sempre na independência de pensamento, na coerência dos princípios constitucionais, no pragmatismo, na estabilidade e na defesa dos superiores interesses desta Nação Global, que é Cabo Verde”, concluiu.
-0- PANA CS/IZ 12ago2017