PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Pesquisador propõe rutura com Tesouro francês para independência do franco CFA
Dakar, Senegal (PANA) – O docente-pesquisador na Faculdade de Ciências Económicas e Gestão da Universidade Cheikh Anta Diop de Dakar (UCAD), Babacar Sène, advoga a realização de um federalismo político e orçamental dos países-membros da UEMOA (União Económica e Monetária Oeste Africana) como condição prévia para a viabilidade da união monetária.
«A ausência de um federalismo orçamental constitui a fraqueza da União Económica e Monetária Oeste-Africana (UEMOA) e da Zona euro. Para conseguir uma união monetária, é preciso criar um agrupamento político homogéneo e ter um orçamento comum. Isto é fundamental», argumentou Babacar Sène.
Para este economista senegalês, a futura moeda regional oeste-africana não deverá depender de uma outra moeda, como foi o caso, desde a 1 de janeiro de 1999, do franco CFA vinculado ao euro, a moeda única europeia.
«Acredito que o melhor seria escolher um cesto de moedas que vai permitir aos nosso Banco Central ter a margem de fixar a paridade da nossa moeda em relação às várias outras moedas, ao contrário do franco CFA que possui uma paridade fixa em relação à única moeda», sustenta Sène, que explica que «este regime confere uma autonomia monetária e permite prevenir eventuais choques económicos exógenos», à semelhança da política monetária da China.
Reconhecendo a autoridade do Banco Central, neste caso, de escolher as moedas que vão constituir este cesto e determinar os mecanismos de fixação das paridades em relação às outras moedas, Babacar Sène sublinha os pontos positivos do exemplo chinês.
«A China manipula a sua moeda, o Yuan, como ela quer e ninguém pode nada. O seu Banco Central fixa as taxas de câmbio em função dos interesses económicos do país. Os Ocidentais querem a desvalorização do Yuan, mas estão impotentes face à recusa da China», disse.
Sobre a paridade fixa entre o franco CFA e o euro, Sène indica que o principal inconveniente desta escolha reside no facto que priva o Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) da sua autonomia e dos meios de amortecer os choques financeiros, nomeadamente externos.
«O Banco Central não tem nenhum meio para contrariar os choques externos. A escolha de vincular uma moeda à outra com uma paridade fixa é um risco e uma perda de soberania monetária», comenta, precisando que «a autonomia monetária permite a um país ter uma moeda flexível que pode flutuar como quer. É o único que julga da necessidade de desvalorizar a sua moeda ou não, em função do ambiente económico».
Sène aceita que existem vantagens com a vinculação do franco CFA ao franco francês, indicando o facto de que «a primeira vantagem desta paridade fixa consiste em dar credibilidade ao franco CFA, em face de estudos que revelam que os países que vincularam as suas moedas a outras registam as taxas de inflação mais fracas».
Todavia, esta garantia de convertibilidade do franco CFA no plano internacional, que custa aos Bancos dos Estados da África Ocidental e da África Central (BCEAO e BEAC) a centralização de cerca de 50 porcento dos seus valores líquidos junto do Tesouro francês, não é do agrado do docente-pesquisador da UCAD que preconiza a rutura entre o franco CFA e o euro.
«Temos de pensar em romper com o Tesouro Francês, não apenas por razões de independência económica, como também para a segurança do nosso sistema monetário. As crises económicas vividas por França podem impactar negativamente as nossas economias», explicou.
Criado em 1945 por França, o franco das Colónias Francesas de África (CFA) transformou-se em 1958 em franco da Comunidade Francesa de África, antes de se tornar, em 1960, no franco da Comunidade Financeira Africana.
Garantido pelo Tesouro Francês, o franco CFA está vinculado ao euro, a moeda única europeia, desde o seu lançamento, a 1 de janeiro de 1999, com uma paridade fixa (1 euro = 655,957 FCFA). Emitido pelo BCEAO, o franco CFA é a moeda comum de oito países-membros da União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA), designadamente o Benin, o Burkina Faso, a Côte d'Ivoire, a Guiné-Bissau, o Mali, o Níger, o Senegal e o Togo.
-0- PANA AAS/CJB/IZ 24out2014
«A ausência de um federalismo orçamental constitui a fraqueza da União Económica e Monetária Oeste-Africana (UEMOA) e da Zona euro. Para conseguir uma união monetária, é preciso criar um agrupamento político homogéneo e ter um orçamento comum. Isto é fundamental», argumentou Babacar Sène.
Para este economista senegalês, a futura moeda regional oeste-africana não deverá depender de uma outra moeda, como foi o caso, desde a 1 de janeiro de 1999, do franco CFA vinculado ao euro, a moeda única europeia.
«Acredito que o melhor seria escolher um cesto de moedas que vai permitir aos nosso Banco Central ter a margem de fixar a paridade da nossa moeda em relação às várias outras moedas, ao contrário do franco CFA que possui uma paridade fixa em relação à única moeda», sustenta Sène, que explica que «este regime confere uma autonomia monetária e permite prevenir eventuais choques económicos exógenos», à semelhança da política monetária da China.
Reconhecendo a autoridade do Banco Central, neste caso, de escolher as moedas que vão constituir este cesto e determinar os mecanismos de fixação das paridades em relação às outras moedas, Babacar Sène sublinha os pontos positivos do exemplo chinês.
«A China manipula a sua moeda, o Yuan, como ela quer e ninguém pode nada. O seu Banco Central fixa as taxas de câmbio em função dos interesses económicos do país. Os Ocidentais querem a desvalorização do Yuan, mas estão impotentes face à recusa da China», disse.
Sobre a paridade fixa entre o franco CFA e o euro, Sène indica que o principal inconveniente desta escolha reside no facto que priva o Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) da sua autonomia e dos meios de amortecer os choques financeiros, nomeadamente externos.
«O Banco Central não tem nenhum meio para contrariar os choques externos. A escolha de vincular uma moeda à outra com uma paridade fixa é um risco e uma perda de soberania monetária», comenta, precisando que «a autonomia monetária permite a um país ter uma moeda flexível que pode flutuar como quer. É o único que julga da necessidade de desvalorizar a sua moeda ou não, em função do ambiente económico».
Sène aceita que existem vantagens com a vinculação do franco CFA ao franco francês, indicando o facto de que «a primeira vantagem desta paridade fixa consiste em dar credibilidade ao franco CFA, em face de estudos que revelam que os países que vincularam as suas moedas a outras registam as taxas de inflação mais fracas».
Todavia, esta garantia de convertibilidade do franco CFA no plano internacional, que custa aos Bancos dos Estados da África Ocidental e da África Central (BCEAO e BEAC) a centralização de cerca de 50 porcento dos seus valores líquidos junto do Tesouro francês, não é do agrado do docente-pesquisador da UCAD que preconiza a rutura entre o franco CFA e o euro.
«Temos de pensar em romper com o Tesouro Francês, não apenas por razões de independência económica, como também para a segurança do nosso sistema monetário. As crises económicas vividas por França podem impactar negativamente as nossas economias», explicou.
Criado em 1945 por França, o franco das Colónias Francesas de África (CFA) transformou-se em 1958 em franco da Comunidade Francesa de África, antes de se tornar, em 1960, no franco da Comunidade Financeira Africana.
Garantido pelo Tesouro Francês, o franco CFA está vinculado ao euro, a moeda única europeia, desde o seu lançamento, a 1 de janeiro de 1999, com uma paridade fixa (1 euro = 655,957 FCFA). Emitido pelo BCEAO, o franco CFA é a moeda comum de oito países-membros da União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA), designadamente o Benin, o Burkina Faso, a Côte d'Ivoire, a Guiné-Bissau, o Mali, o Níger, o Senegal e o Togo.
-0- PANA AAS/CJB/IZ 24out2014