Agência Panafricana de Notícias

Pescadores contra proibição de garrafas de oxigénio para pesca em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - Um grupo de mergulhadores e pescadores da cidade da Praia manifestou-se, quarta-feira, defronte ao cais de pesca da capital contra a decisão das autoridades cabo-verdianas de implementar uma legislação que proíbe o uso de garrafas de oxigénio no mergulho e na apanha de búzio e pepino do mar, apurou a PANA de fonte segura.

Apoiados pelas associações e pela organização sindical que os representa, os manifestantes exigiram a suspensão desta medida, uma vez que, sublinharam, todos eles vivem exclusivamente dessa atividade sem a qual ficam desprovidos de recursos para sustentar as suas respetivas famílias.

De acordo com um representante dos manifestantes, não se entende esta postura do Governo, na medida em que financiou uma formação de mergulho para os pescadores, “inclusive dando incentivos para capacitações na área”.

“O Governo não nos apresentou nenhuma alternativa e não sabemos que fazer. A maioria dos seus camaradas trabalham desde a infância na apanha de pepino do mar, o que não coloca em risco a biodiversidade, visto que se trata de um produto pouco explorado", queixou-se.

Numa primeira reação ao protesto, o diretor-geral das Pescas, Juvino Vieira, justificou a medida pela necessidade de se garantir a segurança dos mergulhadores e pela sustentabilidade dos recursos.

Juvino Vieira lembrou que a lei existe desde 2005 mas que não estava a ser cumprida devido à falta de inspetores para a sua fiscalização no terreno.

Explicou que, desde 2012, se encontra no terreno uma equipa de inspetores da Direção Geral das Pescas (DGP) a fazer o trabalho de fiscalização e sensibilização junto dos pescadores, peixeiras e mergulhadores informando-os sobre o perigo da prática dessa atividade bem como as suas desvantagens para o ecossistema.

“Como se sabe, é proibido por lei a pesca com recurso à garrafa de ar, ou seja, por meio autónomo de respiração artificial”, recordou Juvino Vieira, sublinhando que essa prática pode causar acidentes graves suscetíveis de deixar a pessoa paraplégica ou causar a sua morte.

A seu ver, a prática “não é responsável, nem seletiva”, pelo que um dos objetivos da DGP, com esta proibição, é "garantir também a sustentabilidade da espécie”.

-0- PANA CS/DD 19set2013