Pelo menos 122 jovens mortos por balas em manifestações na Guiné Conakri
Conakri, Guiné (PANA) - Cento e vinte e dois jovens, maioritariamente menores de 25 anos de idade, morreram baleados na Guiné Conakry em manifestações, desde a chegada de Alpha Condé ao poder, em 2010, acusou o ex-primeiro-ministro e líder da oposição, Mamadou Cellou Dalein Diallo.
Celiou Dalein Diallo fez estas denúncias sexta-feira última em entrevista sexta-feira última à PANA, vinte e quatro horas depois dos confrontos sangrentos entre as forças de defesa e de segurança e manifestantes avessos a um terceiro mandato de Condé.
O líder opositor revelou que “todos estes jovens foram mortos à queima-roupa”, durante comícios políticos.
O também presidente da União das Forças Democráticas de Guiné (UFDG) frisou que, “até ao momento, nada conseguiu mudar a posição de Alpha Condé”.
"Ele está agarrado à sua presidência vitalícia e está pronto para andar por cima de cadáveres para o conseguir", indignou-se Diallo.
A seu ver, é preciso que não se esqueça que participar numa manfestação sob o regime de Alpha Condé equivale a um risco mortal ou ao de já não voltar à casa”.
À semelhança da Frente Nacional para a Defesa da Constituição (FNDC), que apela, há um mês, a manifestações esporâdicas de rua para se dizer não a uma mudança de Constituição, o líder da UFDG indicou que três manifestantes foram mortalmente baleados quinta-feira.
Numa declaração, quinta-feira à noite, o novo ministro da Segurança e Proteção Civil, Albert Damantag Camara, afirmou que houve um morto devido a projéteis, mas sem revelar a natureza fos mesmos, e três feridos, todos polícias.
O governante disse que os agentes, encarregues da manutenção da ordem, foram revistos antes da sua partida no terreno onde, segundo ele, foram com objetos convencionais, nomeadamente granadas lacrimogéneas.
Por sua vez, o ex-Alto Representante e ex-primeiro-ministro, Sidya Touré, líder da União das Forças Republicanas (UFR), declarou à PANA acusar o Presidente Condé de ter autorizado as forças de defesa e de segurança a matarem manifestantes contra um seu terceiro mandato.
"Deploro o comportamente das forças de segurança para com os cidadãos. Registamos vários feridos, dos quais alguns em estado muito grave”, indignou-se.
Acrescentou que o seu cortejo foi particularmente visado, uma acusação firmemente rejeitada pelo ministro da Segurança.
Durante confrontos, provocados, segundo o regime no poder, pela falta de respeito pelo itinerário concedido aos manifestantes, o veículo do líder da UFR sofreu danos e foi assumido por gendarmes que faziam a manutenção da ordem.
Os dois ex-primeiros-ministros do defunto chefe do Estado Lansana Conté consideram que "é preciso, apesar de tudo, continuar-se a protestar contra a ideia dum terceiro mandato de Alpha Condé e recusar-se a uma eleição fabricada”, para se obter três-quartos dos deputados se o referendo não funcionar.
Criada em abril último, a FNDC, constituída por atores da sociedade civil, por artistas, por sindicados, por líderes políticos, entre outros, disse-se determinada a impedir, custe o que custar, a organização dum referendo, destinado a mudar a Constituição para permitir a Alpha Condé disputar um terceiro mandato, além do seu segundo e último quinquénio que termina em outubro de 2020.
Na véspera, em outubro último, das primeiras manifestações de rua da FNDC, oito dos seus responsáveis foram detidos, julgados e condenados a penas de prisão firme que vão de seis meses a um ano.
-0- PANA AC/JSG/MAR/DD 15novembro2019