Patrice Trovoada acusa FIM de falta de flexibilidade para com São Tomé e Príncipe
São Tomé, São Tomé e Príncipe (PANA) - O primeiro-ministro (PM) são-tomense acusa o Fundo Monetário Internacional (FMI) de falta de flexibilidade para com São Tomé e Príncipe.
A captação de financiamento externo para sustentar o Orçamento Geral do Estado está cada mais difícil, as negociações entre Governo e o Fundo Monetário Internacional não resultaram, queixou-se Patrice Trovoada em declaração à imprensa quinta-feira em São Tomé.
O OGE (Orçamento Geral do Estado), para o presente ano económico estimado em 153.000.000 dólares já foi aprovado, segundo o PM são-tomense que esteve recentemente em Washington (Estados Unidos), sede do FIM para uma penúltima ronda de negociações com este último, tendo no entanto regressado ao país "desapontado."
Declarou ter regressado ao país sem financiamentos para a execução do OGE.
A seu ver, o FMI não tem sido flexível para com o arquipélago, apos o último programa ter terminado em junho de 2022, com um “descarrilamento.”
Explicou ainda que, face a exigências do FMI, São Tomé e Príncipe viu-se obrigado a introduzir o IVA (Imposto sobre Valor Acrescentado), a 1 junho de corrente, para ter acesso a um novo crédito.
“É preciso que o FMI flexibilize um pouco a sua posição. Existem regras sim. Ou flexibilizamos ou mudamos a regras. Dizem que não podem intervir num país em guerra. Mas o FMI mudou as regras para dar 15.000.000.000 dólares (americanos) à Ucrânia“, denunciou o primeiro-ministro são-tomense.
“Nós dissemos ao FMI alto aí”, assegurou Patrice Trovoada, que lhe recordou que o país não tem divisa para a aquisição de combustiveis e que "a reserva de combustiveis que tínhamos estava a esgotar. Dai avisarmos a tempo.”
No mesmo contexto, Patrice Trovoada acusou MLSTP-PSD (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe-Partido Social Democrata), principal partido de oposição, de ser o principal autor da grave situação económica e financeira que o arquipélago vive.
Trovoada apontou, como exemplo, a escassez de divisa no Banco Central de São Tomé e Príncipe, que, no seu entender, se deve ao facto do Governo ter recorrido 14 vezes à reserva do Banco Central de ßão Tomé e Príncipe (BCSTP) para comprar combustiveis.
Declarou ter solicitado uma “carta de conforto” ao FMI para encontrar financiamento junto de outros credores a fim de custear combustiveis mas que "o pedido não foi viabilizado."
“As coisas não estão fáceis“, alarmoiu-se Patrice Trovoada, esperançoso que contactos estabelecidos junto de parceiros multilaterais e bilaterais facilitem a concessão do crédito.
Anunciou que a próxima ronda de negociações sobre o mesmo assunto terá lugar em finais de julho próximo.
-0- PANA RMG/DD 29junho2023