PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Parteiras desmotivadas em hospitais comorianos
Moroni, Comores (PANA) – Se a mortalidade materna está em nítida diminuição, ou seja 36 porcento nestes últimos 20 anos, ela está contudo mais elevada que o número de partos efetuados, mesmo por parteiras qualificadas que já não se disputam os dois hospitais (Hombo de Anjouan e El-Maarouf de Moron), os únicos que oferecem cuidados obstetricais de emergência completos.
As diplomadas das escolas de parteiras formadas em Moroni ou no estrangeiro poderiar bastar para assegurar uma melhor cobertura no domínio da saúde materna e compensar as fugas devidas à emigração, se problemas orçamentais não reduzissem os recrutamentos na Função Pública, e se o pagamento irregular dos salários não provocasse uma situação onde mesmo os efetivos presentes não estão motivados.
Uma associação de parteiras foi criada há vários anos, mas a sua influência permanece muito limitada para impor um regulamento da profissão e obter uma melhor situação administrativa e financeira das parteiras, lá onde « instrumentos de trabalho estão quase inexistentes », indica Ali Mzé Mariama, presidente da Associação.
Num passado recente, parteiras tradicionais formadas e dotadas dum kit de parto deviam servir de « recursos últimos, quando a mulher não quer realmente ir ao hospital », explica Mahamoud Said, responsável do programa saúde reprodutiva no Escritório-País do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), que lembra que o dever das parteiras tradicionais consiste em ajudar, sensibilidar as mulheres grávidas para que elas se desloquem ao hospital em vez de dar à luz em casa.
Maïmouna Chamsidine, parteira de Estado, que trabalhou durante muito tempo na maternidade do Hospital Principal de Moroni, antes de integrar a administração central, já não aprova a regra editada por Mahamoud Siad, tendo em conta a realidade no terreno.
« Se devia ainda parir, preferiria fazê-lo num centro periférico em vez de El-Maarouf », lança ela em reação à situação das suas colegas permanentes no Hospital Principal onde nenhuma delas tem a vontade de trabalhar, mas todas elas desejam ficar pelas mesmas razões.
Estas razões, segundo revelou no anonimato um funcionário comoriano duma agência das Nações Unidas são as seguintes: « Em El-Maarouf, o trabalho é deixado aos jovens estagiários da Escola Nacional de Médico e Saúde Pública (ENMSP) ».
Por sua vez, um dos seus colegas do gabinete afirma que « os mais experientes correm atrás de « mkarakara » (astúcia de procurar outro dinheiro ) para fazer face às despesas », por causa de salários em atraso que estão na base de greves do pessoal de saúde.
As parteiras comorianas celebraram, em 2010, o seu Dia sob o lemal « Desafio do Bom Acolhimento », mas nada mudou : «um número crescente de parteiras mais experientes preferem trabalhar nas estruturas periféricas, porque El-Maarouf deixou de ser há muito tempo um centro de excelência.
Segundo Mahmadou Said, a sensibilização efetuada nestes últimos anos dá no entanto frutos: « Perto de 49 porcento dos partos, isto está certo, são feitos nos hospitais. Importa agora saber onde se efetuam os restantes 51 porcento”.
Se uma franja desta porção decorre em clínicas privadas, a que se faz em casa, sob assistência duma pessoa qualificada, é bastante significativa, mesmo quando se ignora o número.
Com uma população jovem cuja idade média é de 24 anos, as Comores contam uma população avaliada em 669 mil e 327 habitantes (em 2009) dividida em três ilhas designadamente Grande Comores, Anjouan e Mohélie. A quarta, Mayotte, permanece sob administração francesa.
As estruturas sanitárias estão compostas por 17 distritos sanitários (sete em Grande Comore, outros tantos em Anjouan e três em Mohéli) com um hospital regional em cada uma das três ilhas e a nível central, mas, em Moroni a capital, stiuada em Grande Comores, a mais estensa e a mais povoada das ilhas, dispõe-se dum hospital nacional de referência.
Estas estruturas sanitárias são acessíveis num raio de cinco quilómetros para 63 porcento da população ao passo que, em Grande Comore, esta taxa é de 45 porcento, de 74 porcento em Anjouan e de 69 porcento em Mohéli.
As Comores contam dois médicos, três enfermeiros de Estado, duas parteiras de Estado e 0,3 farmacêutico para cada 10 mil habitantes, perto de 200 parteiras e duma centena de agentes de saúde (médicos generalistas e outros) com competências de parteiras.
O número de partos realizados numa estrutura de saúde é de 37 porcento a nível nacional, de 37 porcento em Grande Comore, 55 porcento em Mohélie e 34 porcento em Anjouan.
Regista-se nove parteiras para cada mil nascidos vivos, ao passo que as complicações obstetricais e neonatais esperadas diariamente nas zonas rurais variam entre sete e nove casos.
Quanto ao risco de falecimento materno durante o parto, é avaliado em 1 dos 71 enquanto a taxa de mortinatalidade intrapartum é de 13 porcento para cada mil nascimentos.
-0- PANA MH/SSB/SOC/MAR/DD 21junho2011
As diplomadas das escolas de parteiras formadas em Moroni ou no estrangeiro poderiar bastar para assegurar uma melhor cobertura no domínio da saúde materna e compensar as fugas devidas à emigração, se problemas orçamentais não reduzissem os recrutamentos na Função Pública, e se o pagamento irregular dos salários não provocasse uma situação onde mesmo os efetivos presentes não estão motivados.
Uma associação de parteiras foi criada há vários anos, mas a sua influência permanece muito limitada para impor um regulamento da profissão e obter uma melhor situação administrativa e financeira das parteiras, lá onde « instrumentos de trabalho estão quase inexistentes », indica Ali Mzé Mariama, presidente da Associação.
Num passado recente, parteiras tradicionais formadas e dotadas dum kit de parto deviam servir de « recursos últimos, quando a mulher não quer realmente ir ao hospital », explica Mahamoud Said, responsável do programa saúde reprodutiva no Escritório-País do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), que lembra que o dever das parteiras tradicionais consiste em ajudar, sensibilidar as mulheres grávidas para que elas se desloquem ao hospital em vez de dar à luz em casa.
Maïmouna Chamsidine, parteira de Estado, que trabalhou durante muito tempo na maternidade do Hospital Principal de Moroni, antes de integrar a administração central, já não aprova a regra editada por Mahamoud Siad, tendo em conta a realidade no terreno.
« Se devia ainda parir, preferiria fazê-lo num centro periférico em vez de El-Maarouf », lança ela em reação à situação das suas colegas permanentes no Hospital Principal onde nenhuma delas tem a vontade de trabalhar, mas todas elas desejam ficar pelas mesmas razões.
Estas razões, segundo revelou no anonimato um funcionário comoriano duma agência das Nações Unidas são as seguintes: « Em El-Maarouf, o trabalho é deixado aos jovens estagiários da Escola Nacional de Médico e Saúde Pública (ENMSP) ».
Por sua vez, um dos seus colegas do gabinete afirma que « os mais experientes correm atrás de « mkarakara » (astúcia de procurar outro dinheiro ) para fazer face às despesas », por causa de salários em atraso que estão na base de greves do pessoal de saúde.
As parteiras comorianas celebraram, em 2010, o seu Dia sob o lemal « Desafio do Bom Acolhimento », mas nada mudou : «um número crescente de parteiras mais experientes preferem trabalhar nas estruturas periféricas, porque El-Maarouf deixou de ser há muito tempo um centro de excelência.
Segundo Mahmadou Said, a sensibilização efetuada nestes últimos anos dá no entanto frutos: « Perto de 49 porcento dos partos, isto está certo, são feitos nos hospitais. Importa agora saber onde se efetuam os restantes 51 porcento”.
Se uma franja desta porção decorre em clínicas privadas, a que se faz em casa, sob assistência duma pessoa qualificada, é bastante significativa, mesmo quando se ignora o número.
Com uma população jovem cuja idade média é de 24 anos, as Comores contam uma população avaliada em 669 mil e 327 habitantes (em 2009) dividida em três ilhas designadamente Grande Comores, Anjouan e Mohélie. A quarta, Mayotte, permanece sob administração francesa.
As estruturas sanitárias estão compostas por 17 distritos sanitários (sete em Grande Comore, outros tantos em Anjouan e três em Mohéli) com um hospital regional em cada uma das três ilhas e a nível central, mas, em Moroni a capital, stiuada em Grande Comores, a mais estensa e a mais povoada das ilhas, dispõe-se dum hospital nacional de referência.
Estas estruturas sanitárias são acessíveis num raio de cinco quilómetros para 63 porcento da população ao passo que, em Grande Comore, esta taxa é de 45 porcento, de 74 porcento em Anjouan e de 69 porcento em Mohéli.
As Comores contam dois médicos, três enfermeiros de Estado, duas parteiras de Estado e 0,3 farmacêutico para cada 10 mil habitantes, perto de 200 parteiras e duma centena de agentes de saúde (médicos generalistas e outros) com competências de parteiras.
O número de partos realizados numa estrutura de saúde é de 37 porcento a nível nacional, de 37 porcento em Grande Comore, 55 porcento em Mohélie e 34 porcento em Anjouan.
Regista-se nove parteiras para cada mil nascidos vivos, ao passo que as complicações obstetricais e neonatais esperadas diariamente nas zonas rurais variam entre sete e nove casos.
Quanto ao risco de falecimento materno durante o parto, é avaliado em 1 dos 71 enquanto a taxa de mortinatalidade intrapartum é de 13 porcento para cada mil nascimentos.
-0- PANA MH/SSB/SOC/MAR/DD 21junho2011