Parlamento dá confiança ao novo Governo na Tunísia
Túnis, Tunísia (PANA) - O Parlamento tunisino deu a sua confiança nesta quinta-feira ao novo Governo do primeiro-ministro designado, Elyés Fakhfakh, após uma sessão difícil de 15 horas, soube a PANA de fonte moficial em Túnis.
Dos 207 deputados presentes, 129 votaram a favor da confiança na nova equipa governamental, 77 votaram contra e um absteve-se.
Para passar, a moção de confiança precisava duma maioria absoluta de 109 votos.
A votação foi realizada na madrugada desta quinta-feira, no termo dum tremendo debate contraditório, durante o qual mais de 100 deputados intervieram.
Composto por 30 ministros e por dois secretários de Estado, o novo elenco possui apenas seis mulheres, das quais uma é a ministra da Justiça, Thouraya Jeribi, sendo assim esta última a primeira mulher a ocupar uma pasta de soberania.
Para fazer face ao problema crónico do desemprego e à situação socioeconómica deteriorada do país, Fakhfakh, de 48 anos de idade, ambiciona “voltar a dar esperança” aos Tunisinos, que começam a perder esperança, nove anos após a revolução que tinha como slogan “Emprego, Liberdade, Dignidade”.
"Se fizemos progressos notáveis na via da democratização, estamos ainda muito longe da transição socioeconómica”, deplorou o chefe do Governo tunisino diante dos deputados.
Sublinhou que quase um milhão de jovens, dos quais mais de 200 mil diplomados, estão hoje sem emprego, o que, a seu ver, leva muitos deles a deixarem o país ou tentarem emigrar-se ilegalmente.
Para relançar o crescimento e criar empregos, o novo primeiro-ministro, engenheiro de formação e ex-ministro das Finanças, disse-se determinado a empreender “reformas radicais e grandes obras”, nomeadamente na quarta revolução industrial digital e na transição energética, no que diz respeito a energias renováveis, em particular a energia solar.
"Os 11 milhões de Tunisinos e de Tunisinas devem trabalhar e arregaçar as mangas para construirem o país”, lançou.
Como "prioridades urgentes", citou a luta contra a criminalidade prevalecente no país.
“Não haverá tolerância face à violência e ao terrorismo”, declarou.
Para combater a pobreza, ele pretende lutar contra a carestia da vida, o tráfico e a corrupção, sendo esta última um flagelo contra o qual “haverá tolerância zero”.
O seu programa prevê, por outro lado, uma "integração reforçada” no seio do continente africano.
Ele projeta estabelecer "uma estratégia global"» para o efeito, ao multiplicar laços com "África considerada como o mercado do século XXI".
"Nós queremos fazer da Tunísia um polo de África para todos os países. Este Governo é o da última possibilidade. Se ele fracassar, há um risco de explosão social, pois os Tunisinos, confrontados com o desemprego, a pobreza e a deterioração dos serviços públicos, já não podem esperar”, advertiu o também deputado do “Movimento do Povo”, partido da esquerda que faz parte da coligação governamental.
-0- PANA BB/JSG/FK/DD 27fev2020