Parlamento Europeu debate escândalo de "Luanda Leaks"
Bruxelas, Bélgica (PANA) – O escândalo “Luanda Leaks” revelado pelo Consórcio Internacional dos Jornalistas de Investigação (CIJI) consta da agenda da sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), relativamente ao branqueamento de dinheiro.
No seu relatório, são citados nomeadamente Isabel Dos Santos, filha do antigo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e o seu marido Sindika Dokolo, de origem congolesa.
O casal é acusado de ter desviado biliões de dólares em detrimento do Estado angolano, enquanto Isabel Dos Santos, cuja mãe é originária de Cazaquistão (ex URSS) era presidente da Sonangol, maior empresa petrolífera angolana com um volume de negócio anual de 40 biliões de dólares americanos.
No quadro da luta contra o branqueamento de capitais em que estão envolvidos países europeus, dos quais particularmente Portugal visado no relatório Luanda Leaks, os deputados europeus entendem tirar lições para melhorar a luta contra este fenómeno.
"É preciso ser mais rigoroso a respeito dos países europeus implicados”, indignou-se o eurodeputado finlandês Eero heinaluoma, sobretudo porque no país africano vítima (Angola), dois terços da população vivem com menos de um dólar por dia.
A deputada polaca Beata Kempa apelou para a adoção de leis mais estritas e sanções mais severas contra os grupos criminosos.
A comissária europeia para a Inclusão e a Igualdade de Oportunidades, Helana Dalli, lançou um apelo para “ "tolerância zero” contra autores de desvio de dinheiro.
Para o efeito, anunciou a adoção de um novo plano de ação contra o branqueamento de dinheiro, visando melhorar a aplicação de regras.
Segundo o Consórcio Internacional dos Jornalistas de Investigação, Isabel Dos Santos e o seu marido Sindika Dokolo são citados pelo menos 400 vezes em empresas de 40 países no Mundo, onde aparecem como especialistas da evasão fiscal e de colocação das fortunas offshore.
Isabel Dos Santos e Sindika Dokolo são ambos mestiços, sendo ela de um pai angolano negro, José Eduardo Dos Santos (ex-Presidente de Angola), e ele de um pai congolês negro, Augustin Dokolo, e mãe dinamarquesa.
Os dois conheceram-se numa discoteca da praia de Luanda da qual Isabel Dos Santos era proprietária. A partir de Kinshasa, Sindika Dokolo, cujo pai era banqueiro (Banco de Kinshasa), passava os fins de semana em Luanda.
Todos os seus bens e ativos foram apreendidos em Angola bem como em Portugal.
Sindika Dokolo vive doravante entre Bruxelas e Kinshasa, enquanto a sua esposa vive entre Dubai e Londres.
Por seu turno, José Eduardo Dos Santos instalou-se na Espanha, onde continua um tratamento médico de longa duração por uma doença crónica.
-0-PANA AK/BEH/MAR/IZ 21fev2020