Papel de Manu de Dibango na carreira da Cesária Évora recordado em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) – Um empresário musical cabo-verdiano, Djô da Silva, lembrou o papel desempenhado pelo finado cantor e saxofonista camaronês Manu Dibango, falecidoterça-feira última de manhã em Paris (França), vitima do Covid-19, na internacionalização da carreira da mais famosa interprete da musica cabo-verdiana, a finada Cesária Évora.
Em declarações à agencia cabo-verdiana de noticias (Inforpress), o proprietário da gravadora Harmonia, onde Cesária Évora tinha gravado grande parte dos seus sucessos musicais, recorda que Manu Dibango foi quem levou a chamada “Diva dos pés descalços” a cantar, pela primeira vez, num programa na televisão francesa, “Salut Manu”, do canal France 2.
Djo da Silva revelou também que Manu Dibango acompanhou Cesária Évora com o seu Marimba (Xilofone) na gravação da música ‘Sodade’, junto com Bernard Lavilliers.
“Foi mesmo complicado colocar o seu instrumento no estúdio porque este era volumoso”, recordou.
Manu Dibango, que gravou também com o músico e escritor cabo-verdiano Mário Lúcio e o grupo “Simenteira”, esteve várias vezes em Cabo Verde, onde participou, entre outros eventos musicais, no Kriol Jazz Festival, dedicado às “músicas do mundo” e que se realiza anualmente na capital cabo-verdiana.
O saxofonista camaronês, de 86 anos de idade, que residia há muitos anos em França, é o autor de “Soul Makossa” (1972), um dos primeiros temas de afro-jazz conhecido mundialmente.
Este tema que tornou Manu Dibango mundialmente famoso era inicialmente o lado B de um single (45rpm) que continha um hino de homenagem à equipa de futebol dos Camarões, por ocasião do Campeonato Africano, em 1972.
Logo após a edição do primeiro trabalho, que lhe deu o cognome de ‘Soul Makossa Man’, a música de Manu Dibango foi notada pelas estações de rádio de Nova Iorque.
Sucederam-se êxitos como “Manu 76”, “Super Kumba”, antes de atuar ao vivo no Olympia, em Paris, a consagração na capital francesa, que deu origem ao seu álbum de 1978.
“The World of Manu Dibango”, “Afrovision”, “Sun Explosion”, “Ambassador”, “Waka Juju” e “Mboa” firmaram o seu nome nos anos seguintes.
“Wakafrika”, a coletânea “African Soul” e “CubAfrica” são edições mais recentes que testemunham a capacidade de síntese de Manu Dibango, com raiz na música de tradição africana.
Na página oficial do cantor no Facebook, um comunicado lamenta a sua morte e revela que, devido a pandemia do Covid-19, que afeta em grande proporções países como a França, devendo o seu funeral realizar-se em “estrita privacidade “.
Na mesma página, pede-se às pessoas para enviarem condolências por e-mail.
O comunicado acrescenta que uma cerimónia de homenagem a Manu Dibangu será organizada “quando as condições o permitirem.”
-0- PANA CS/DD 24março2020