Agência Panafricana de Notícias

Panfletos contra imprensa queniana circulam em Nairobi

Nairobi- Quénia (PANA) -- Três dias depois da promulgação pelo Presidente queniano, Mwai Kibaki, do projecto de lei sobre a comunicação que intimida praticamente a impresa local, panfletos apareceram segunda-feira nas ruas de Nairobi, a capital, para defender esta medida e desprezar a imprensa local.
Suspeitos de sair do gabinete do porta-voz do Governo, Alfred Muta, estes panfletos acusam a imprensa de ser movida apenas pelo proveito e pelos interesses económicos.
Eles acusam a imprensa local de ter perdido o sentido da responsabilidade social e de destruir o tecido social ao difundir produtos pornográficos.
Esta lei, que visa manifestamente o audiovisual, concede ao Governo o poder de programar e fixar o tempo de difusão dos programas radiofónicos e televisivos e examinar e controlar os seus artigos e outros produtos, de acordo com estes folhetos.
A legislação foi condenada vivamente pelos jornalistas e pelos deputados que no entanto a tinham votado, pelo primeiro-ministro, Raila Odinga, pela sociedade civil, pelas organizações religiosas e pela comunidade internacional.
Alguns qualificaram-na de lei "draconiana e caduca", estimando que é um atropelo à democracia destinado a esconder a verdade aos cidadãos quenianos.
A Associação de Proprietários de Médias julga esta lei inaceitável, indicando que é uma tentativa mal dissimulada de confiscar a liberdade de expressão pela qual os Quenianos lutaram desde o período colonial.
Esta associação considera como insulto o facto de o projecto de lei conceder à Comissão de Controlo das Comunicações do Quénia (CCK) o poder de determinar o conteúdo da imprensa.
O presidente da associação, Linus Gitahi, criticou severamente as autoridades que atribuem poderes excessivos à CCK, um órgão cujos membros foram nomeados pelo Governo.
O Presidente Kibaki, contornando o primeiro-ministro, indica ter assinado este projecto de lei no interesse nacional.
Esta situação demostrou mais uma vez divergências no seio do Governo de coligação formado depois das eleições presidenciais de 2007.