Agência Panafricana de Notícias

Países emergentes expostos ao aumento de taxa de mortalidade devido ao uso de amianto

Lagos, Nigéria (PANA) - Numerosos países com baixo rendimento e intermediário rendimento, que continuam a usar o amianto nos setores da construção e do transporte, vão registar, nas próximas décadas, uma alta de falecimentos ligados ao cancro, segundo um estudo publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Este estudo, que conta, pela primeira vez, todos os falecimentos assinalados à OMS como resultando de uma mesotelioma maligna, um cancro raro mas mortal, ligado à exposição ao amianto, precisa que os falecimentos provocados por estas patologias começam a regredir nos países ricos.

O cancro ligado à exposição ao amianto manifesta-se geralmente após 30 anos, mas, uma vez diagnosticado, o tempo médio de sobrevivência é de menos um ano.

Entre 1994 e 2008, a maioria dos 92 mil falecimentos (88 porcento) devido a uma mesotelioma maligna concerniram aos homens idosos nos países de rendimento elevado, como a Austrália, o Japão, os Estados Unidos e diversos países europeus, que, na sua maioria, proibiram o uso do amianto.

Nos Estados Unidos, a Agência para a Proteção do Ambiente (EPA) proibiu, desde 1989, todos os novos usos do amianto, enquanto na União Europeia (UE) a proibição introduzida em 1999, só entrou em vigor seis anos mais tarde.

"Constatamos que os falecimentos devidos à mesotelioma começam a baixar nos Estados Unidos, todavia continuam em aumento na Europa e no Japão, o que ilustra a diferença entre os países, a propósito da cessação do uso do amianto", disse um pesquisador, Ken Takahashi, do departamento da Saúde no Trabalho e Higiene do Ambiente na Universidade de Kitakyushu, no Japão.

"A verdadeira preocupação é que vários países em desenvolvimento continuam a usar esta matéria mortal, mas não assinalam os falecimentos que esta substância causa" à OMS que só recebe atualmente dados sobre a mesotelioma dos países ricos que apenas representam um terço da população mundial.

Nenhum dado está disponível sobre a China, a Índia, o Cazaquestão, a Federação Russa e a Tailândia, os cinco primeiros consumidores mundiais dos dois milhões e 500 mil toneladas de amianto produzidos anualmente.

A OMS pediu aos países para cessarem o uso de qualquer tipo de amianto e fornecerem as suas estatísticas, precisando que "todas as formas de amianto são cancerígenas e podem provocar a mesotelioma, o cancro do pulmáo, do laringe e dos ovários, bem como outras doenças.

"Mesmo se estes países param de utilizar o amianto hoje, vai haver no entanto um aumento de falecimentos ligados a esta matéria durante várias décadas", advertiu a OMS.

A mesotelioma maligna afeta o revestimento de vários órgãos internos e, geralmente, o dos pulmões e do foro torácica, como também o da cavidade abdominal, do coração e dos testículos.

-0- PANA SEG/FJG/SSB/CJB/DD 04out2011