Agência Panafricana de Notícias

PM etíope Meles Zenawi inumado em Addis Abeba

Addis Abeba, Etiópia (PANA) - Os restos mortais do primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, foram a enterrar domingo na concessão da Catedral da Trinidade, em Addis Abeba, durante uma cerimónia dirigida pelo chefe da Igreja Ortodoxa etíope.

O antigo Presidente do Gana e alto representante da União Africana (UA) na Somália, Jerry John Rawlings, qualificou Meles Zenawi de "verdadeiro pan-africano".

Um comunicado divulgado pelo gabinete de Rawlings indica que Rawlings fez tais declarações quando prestava homenagem sábado ao defunto primeiro-ministro etíope, após a assinatura do livro de condolências aberto no Palácio do Estado em Addis Abeba.

Descrevendo-o como um "pilar da unidade e da liderança" no seio da sub-região da África Oriental, Rawlings declarou que (Meles) foi " um homem íntegro que inculcou um sentimento de nacionalismo no seu país".

Lembre-se que os dois homens trabalharam juntos na crise na Somália.

Peritos na Etiópia indicaram, igualmente, que as instituições africanas que operam no Corno de África ficarão privados do dinamismo que o Meles imprimia à cena regional e da tacto que emprestava à resolução dos conflitos na região.

O inteletual etíope Méthane Teddese, um perito da política no Corno de África, declarou que o desaparecimento do líder etíope deixa atrás dele um vazio no plano de segurança.

"Meles foi o motor da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD) nos planos político e social. O dinamismo que inspirava vai fazer-nos falta", disse Méthane Taddese em declaraçõesà PANA.

A urna do defunto líder, falecido no mês passado após uma longa doença, foi exposto no Grande Palácio, onde a população lhe prestou uma homenagem merecida, antes da sua inumação domingo numa parte externa da Catedral da Trinidade situada na cidade de Aratkilo, a cerca de quatro quilómetros do centro de Addis Abeba.

A catedral da Trinidade é o segundo santuário mais honrado do país e quase sempre reservado a uma minoria de dignitários de alta categoria e heróis da década da luta contra a dominação colonial.

A catedral, onde repousam os restos mortais do imperador Haile Sélassié, está implantada no meio dos edíficios simbólicos do Governo da Etiópia, incluindo o Parlamento, e foi construída para lembrar a vitória etíope contra a colonização italiana, segundo os historiadores.

O antigo primeiro-ministro foi inumado numa parte externa da catedral situada na cidade de Aratkilo, a cerca de quatro quilómetros do centro de Addis Abeba, que lembra os símbolos que os combatentes etíopes utilizavam para descrever o local da batalha contra a dominação italiana.

É também um local de atração para a maioria dos turistas que visitam a Etiópia, devido à sua dedicação à história bíblica, incluindo os seus laços com o santo João Batista.

Os Etiópes entrevistados nas ruas de Addis Abeba a respeito da decisão de enterrar o defunto líder no recinto da Igreja ortodoxa indicaram que seria uma honra para os seus parentes cristãos ortodoxos.

"É o local onde são enterrados todos os Etíopes de alta categoria. É muito simbólico", declarou um jornalista que pediu o anonimato.

A urna de Meles foi exposta no Grande Palácio, onde a população alinhada em filas intermináveis, prestou-lhe a última homenagem.

Uma oração interreligiosa foi-lhe dedicada antes do funeral nacional, na presença de representantes da comunidade internacional, enquanto as últimas honras, antes do enterro, foram-lhe prestadas durante uma procissão na qual os restos mortais foram instalados numa carroça puxada por cavalos.

Meles, que ficou 21 anos no poder, deixa a lembrança de alguém que encarna o motor principal do boom económico e do desenvolvimento em curso na Etiópia e que atraiu montantes invejáveis de mais de quatro biliões de dólares americanos em ajuda.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Etiópia indicou que (Meles) não só atraiu uma ajuda estrangeira acrescida, graças à sua gestão rigorosa baseada nos resultados, mas que convenceu igualmente os doadores de fundos internacionais a tomar em conta os seus pontos de vista numa série de questões, incluindo o impacto da intervenção estrangeira mal planificada no exercício ou na disciplina financeira.

-0- PANA MA/ASA/SSB/MAR/IZ 2set2012