PIB de Cabo Verde aumenta 5,7 por cento no 4º trimestre de 2019
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde registou, no quarto trimestre de 2019, uma variação homóloga de 5,7 por cento, em termos reais, revelou segunda-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
No entanto, o INE destaca que se trata de uma taxa inferior em 1,3 pontos percentuais (p.p.) face à verificada no terceito trimestre de 2019, e que foi de 6,9 por cento.
De acordo com as contas nacionais trimestrais divulgadas pelo INE, esta evolução, no ultimo trimestre do ano findo, resultou do maior contributo das despesas do consumo final e das exportações.
O documento adianta que do lado da oferta, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) a preços de base apresentou uma evolução homóloga positiva de 6,3 por cento, destacando-se para o efeito as atividades dos transportes e a construção.
Os impostos líquidos de subsídios apresentaram uma evolução homóloga de 1,8 por cento, diz o estudo, acrescentando que “a taxa de variação acumulada dos quatro trimestres de 2019 aponta para um crescimento anual do PIB de 5,7 por cento, em volume”.
O INE indica também que o consumo final teve uma variação homóloga positiva de 8,0 por cento, no quarto trimestre de 2019 (7,3 por cento no trimestre anterior).
“O consumo privado aumentou 8,0 por cento, em termos reais, no quarto trimestre de 2019 (7,3 por cento, no terceiro trimestre). O consumo público apresentou uma taxa de variação homóloga de 8,3 por cento, em volume (7,4 por cento no trimestre anterior). O Investimento registou uma variação homóloga negativa, de 7,6 por cento, em volume, no quarto trimestre de 2019 (-7,1 por cento no trimestre anterior)”, lê-se no documento.
No que se refere às exportações e importações, o estudos revela que elas aumentaram 8,6 por cento e 3,5 por cento, respetivamente, em volume.
Verifica-se que as exportações de bens e serviços tiveram um redução de 1,6 p.p. em relação ao trimestre anterior.
No que se refere ao VAB, a preços de base, foi registada no período de referência uma evolução homóloga positiva, de 6,3 por cento, em termos reais, diminuindo em 1,4 p.p. em relação ao trimestre anterior.
O VAB do ramo da agricultura aumentou 2,8 por cento, contribuindo, em 0,1 p.p., para a variação total do crescimento do PIB, ao passo que do ramo da indústria transformadora houve uma diminuição de 4,6 por cento (9,9 por cento no terceiro trimestre de 2019), contribuindo negativamente, em 0,3 p.p., para a variação total do crescimento do PIB.
O ramo da construção esteve em sentido inverso, com um aumento de 17,0 por cento, no quarto trimestre, tendo uma contribuição de 1,8 p.p., o comércio apresentou, no quarto trimestre de 2019, uma variação homóloga de 3,4 por cento, em volume, (3,7 por cento no trimestre anterior), traduzindo-se num contributo para a variação homóloga do PIB em 0,1 p.p, o transporte e o alojamento e a restauração apresentaram, em termos reais, uma variação de 5,9 por cento e 10,5 por cento, respetivamente, contribuindo assim em 1,3 p.p. e 0,8 p.p., respetivamente.
Na mesma linha, o ramo da Administração Pública teve uma variação homóloga de 9,6 por cento, contribuindo em 1,1 p.p, e os impostos líquidos e subsídios sobre os produtos, em termos reais, apresentaram uma variação homóloga de 1,8 por cento, no quarto trimestre, contribuindo em 0,3 p.p., para a variação total do PIB.
De acordo com o INE, o crescimento acumulado dos quatro trimestres de 2019 ficou-se a dever, essencialmente, às atividades da eletricidade e água, da construção, dos transportes, do alojamento e da restauração, dos serviços financeiros e dos seguros, e da Administração Pública.
A divulgação pelo INE destes dados mais recentes sobre o comportamento da economia cabo-verdiana no ultimo trimestre do ano passado acontece poucos dias depois do Fundo Monetário Internacional (FMI) ter anunciado, segunda-feira última, ter aprovado a primeira revisão do programa de apoio a Cabo Verde, salientando que todas as metas foram alcançadas e que o desempenho do país “foi forte.”
A avaliação ainda não abrangia as alterações decorrentes da pandemia do Covid-19, mas o FMI adverte que o impacto desta na economia global e nos fluxos de turismo "vai ter um efeito adverso na economia de Cabo Verde, em 2020."
Por isso, exorta o FMI em nota de imprensa, são necessários uma resposta política e um apoio coordenado dos parceiros de desenvolvimento.
Entretanto, o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, desvalorizou a avaliação positiva do FMI do programa de assistência técnica ao país e os indicadores nacionais, alertando para a nova realidade provocada pela pandemia e assumindo que o Orçamento em vigor “pifou”.
“Era tudo indicadores bons e que agora estão todos em causa. Portanto, o quadro mudou de forma radical. Agora, praticamente, o PCI (Programa de Assistência Técnica) já não existe, porque o Orçamento pifou. Nós, até em função daquilo que está em causa, nem sequer podemos falar hoje de um Orçamento retificativo em termos de substância”, afirmou Olavo Correia, que é também ministro das Finanças.
Em conferência de imprensa na cidade da Praia, para explicar algumas medidas do Governo para minimizar os impactos da crise económica que já se sente no país, dependente do turismo e fechado ao exterior na sequencia da proibição das ligação aéreas e marítimas, devido à pandemia de coronavírus, Olavo Correia assumiu a preparação de um novo Orçamento do Estado para 2020.
Em cima da mesa, segundo o governante, está um cenário de défice orçamental que dispara este ano de dois para 10 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), com a correspondente “explosão” da dívida pública e uma recessão económica de quatro a cinco por cento do PIB, contra o crescimento anual acima de ccinco por cento que se registava até ao momento.
-0- PANA CS/DD 06abril2020