Agência Panafricana de Notícias

Oposição sudanesa pronta para entrar no Governo

Cartum- Sudão (PANA) -- O líder da oposição sudanesa, Elsadiq Elshadi el-Madhi, que concorreu às eleições presidenciais da semana passada pelo Partido da Umma, declarou estar pronto para se juntar a um Governo de Unidade Nacional com o Partido do Congresso Nacional (NCP) no poder, dado como favorito no termo do escrutínio.
Contrariamente aos que denunciam fraudes massiças, El-Madhi, professor de medicina na Universidade de Cartum, declarou que a oposição ficou desfavorecida, à partida, pela negligência com que geriu o registo eleitoral dos seus apoiantes.
"A oposição negligenciou o procedimento de registo eleitoral de que o NCP tomou o controlo total", declarou El-Mahdi, que reconheceu a sua derrota face ao Presidente cessante, Omar Hassan El-Béchir.
"Começamos a dar-nos conta da sua importância muito tempo depois de o NPC mobilizar os seus apoiantes antes desta eleição difícil; levamos muito tempo para sensibilizar os nossos simpatizantes à importância das eleições", explicou, acrescentando que a oposição não dispunha de recursos financeiros suficientes para enfrentar o NCP que está no poder há perto de 25 anos.
"O que é importante doravante é que todos os partidos políticos se exprimam duma mesma voz.
Vencer ou perder as eleições não é o que conta", declarou o líder do Partido da Umma que homenageou o Presidente El-Béchir que ele qualificou de "mobilizador" e de "homem do povo".
A disponibilidade de El-Madhi de entrar no próximo Governo foi expressa apenas dois dias depois que um colaborador do Presidente da República, Nafle Ali Nafle, declarar que se o NCP vencesse as eleições, iria solicitar o apoio dos partidos da oposição.
Nafle, que reagia aos pedidos da oposição de anular o escrutínio e formar um novo Governo de Unidade Nacional para organizar novas eleições, afirmou que "os que reclamam por um Governo de Unidade Nacional instam com efeito o Governo do NCP a demitir-se".
"Isto não tem sentido.
Se são sérios, que eles digam então que eles não vão aceitar os resultados do referendo", respondeu.
Os Sudaneses votaram de 10 a 15 de Abril, no quadro das primeiras eleições multipartidárias realizadas em mais de duas décadas, e qualificadas de credíveis pelos observadores locais e internacionais, apesar dos numerosos problemas logísticos e técnicos.
A Comissão Eleitoral Nacional declarou que os resultados definitivos destas eleições presidenciais, legislativas nacionais e regionais seriam anunciados a partir de sexta-feira próxima.
Embora alguns partidos da oposição tenham boicotado o escrutínio, alegando que os seus resultados eram conhecidos com antecipação, muitos deles parecem conformados com a ideia de entrar num Governo de Unidade Nacional.
Uma coligação de partidos da oposição denominada Aliança Juba prometeu organizar manifestações, para obrigar o próximo Governo a demitir-se, alegando que o escrutínio esteve manchado de irregularidades que desacreditam o resultado final.