Agência Panafricana de Notícias

Oposição senegalesa pede concertação nacional sobre Casamança

Dakar- Senegal (PANA) -- A principal coligação de partidos da oposição senegalesa, Bennoo Siggil Senegal (BSS), instou o Presidente senegalês, Abdoulaye Wade, a iniciar "uma ampla concertação nacional e cívica sobre a Casamança" para redinamizar o processo de paz nesta região meridional do país.
Numa declaração publicada no fim-de-semana no termo de uma conferência dos seus líderes, a BSS explicita que tal concertação deve incluir todas as forças vivas da nação "sem exclusões".
Por seu turno, a rebelião do Movimento das Forças Democráticas da Casamança (MFDC) é também chamada a criar, no seu seio, as condições que lhe permitam falar de uma só voz "em negociações sérias, eficazes e frutuosas com o Governo do Senegal".
Para a BSS, o recrudescimento actual das hostilidades na Casamança exprime "a persistência dramática dum conflito que afecta de forma dolorosa o Senegal inteiro há mais de 25 anos".
Esta situação de "nem paz nem guerra" ou de "paz armada" carrega consigo muitos riscos para a Casamança, para o Senegal no seu todo e para a toda a sub-região ocidental de África, refere o texto.
Como prova disso, a nota cita "os roubos e assaltos recorrentes, os assassinatos dirigidos, os confrontos entre os combatentes do MFDC e os soldados senegaleses, os ferimentos ou as mortes causadas pelas minas antipessoal e a perda de oportunidades de desenvolvimento".
A estes elementos juntam-se "múltiplos estragos nos planos social e psicológico como testemunhos da insegurança, dos sofrimentos indizíveis e das angústias que vivem as populações da Casamança assim como dos danos causados por este conflito ao povo do Senegal inteiro", indica o documento.
Desde 1982, prossegue, os Governos sucessivos do Senegal não conseguiram, apesar das múltiplas tentativas, encontrar uma solução definitiva para se pôr termo à crise de forma pacífica, justa e duradoira.
A este propósito, os líderes da BSS recordam que, à sua chegada ao poder, em 2000, Wade prometeu resolver este conflito em 100 dias mas que, três mil 65 dias após, a constatação é que "Abdoulaye Wade falhou, e o seu método baseado na divisão, na corrupção, na nomeação de Senhores Casamança dotados de malas de dinheiro, não surtiu".
"Pelo contrário, este método só conduziu ao assassinato de personalidades políticas, à morte de soldados, de rebeldes e de civis inocentes assim como a uma desconfiança generalizada", insistem.
Por outro lado, notam que a "repartição inadequada dos investimentos públicos (?) fez com que, em 10 anos de regime SOPI (coligação maioritária), a frente de desencravamento da Casamança assim como o desenvolvimento de actividades estruturantes a favor das populações não progredissem".
"Todas as forças políticas e sociais, organizações da sociedade civil, personalidades patrióticas e o povo senegalês nos seus diferentes segmentos devem assumir de corpo e alma o conflito na Casamança como uma questão nacional de suma importância que requer a participação activa de todos com vista a uma solução justa", rematam.