Oposição pede explicações sobre “situação real” da covid-19 em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), principal oposição no arquipelago, quer que o Governo explique no Parlamento a “situação real” do país sobre a pandemia da covid-19.
Num requerimento dirigido ao presidente da Assembleia Nacional (Parlamento), o PAIGC realça a cidade da Praia, onde a situação parece “ter fugido ao controlo das autoridades”.
No documento, o líder parlamentar do PAICV, Rui Semedo, solicita uma interpelação ao Governo, na próxima sessão parlamentar, entre 13 e 14 de maio.
Apesar de reconhecer os esforços que as autoridades de saúde estão a fazer para conter a epidemia, o principal partido da oposição considera que a doença “conseguiu furar” as “fortalezas montadas para a sua prevenção” no arquipélago.
“As medidas de confinamento, de distanciamento físico e distanciamento social, de condicionamento de circulação e outras, que eram claramente necessárias, acabaram por impactar fortemente a frágil economia do país e a vida das pessoas", anotou.
No seu requerimento, o PAICV diz que as pessoas "foram submetidas a um conjunto de dificuldades que vão perdurar por largos tempos”.
O principal partido da oposição defende a “firme convicção de que o Parlamento deve estar atento” e “e procurar envolver-se, o máximo que puder, para reflexões conjuntas com o Executivo, mas também com a sociedade, para se desenhar as medidas mais acertadas para fazer face à pandemia e ao pós-pandemia”.
É neste sentido que o PAICV justifica a utilização do instituto de Interpelação ao Governo para se provocar “um debate salutar em torno do que Cabo Verde está a fazer para enfrentar esta crise profunda que o Mundo inteiro está a enfrentar e que tem fortes impactos nas ilhas em causa”.
A cidade da Praia, capital do país, é o principal foco da doença em Cabo Verde, com vários casos positivos diariamente, a presença da covid-19 em pelo menos 25 bairros e um total de 156 doentes confirmados entre os 218 diagnosticados em todo o arquipélago, desde 19 de março.
O PAIGC governou Cabo Verde depois da Independência do país durante os 15 anos de regime monopartidário (1975-1991) e outros 15, já no regime multipartidário (2001-2016).
O partido quer também explicações do Governo sobre o “facto de empresas públicas e algumas autoridades reguladoras estarem a despedir pessoas ou estarem a mexer nos salários dos trabalhadores” nesta fase de crise generalizada".
Lembra que o país se encontra em Estado de Eemergência, desde 29 de março, com empresas fechadas e a população obrigada ao dever de recolhimento.
“Qual o verdadeiro diagnóstico da situação das pessoas e das famílias que tiveram que enfrentar a situação de calamidade e o Estado de Emergência, sem estarem devidamente preparadas”, questiona ainda o PAICV, na interpelação que pretende fazer ao Governo.
“As medidas de confinamento, distanciamento físico e distanciamento social, condicionamento da circulação e outras, que eram claramente necessárias, acabaram por impactar fortemente a frágil economia do país e a vida das pessoas que foram submetidas a um conjunto de dificuldades que vão perdurar por largos tempos”, acrescenta o requerimento do PAICV.
Cabo Verde registava, até qunita-feira, 218 casos acumulados de covid-19, distribuídos pelas ilhas de Santiago (159), Boa Vista (56) e São Vicente (03), mas 38 já foram considerados recuperados.
Em todo o país, duas pessoas acabaram por morrer, na Praia (Santiago) e na Boa Vista, e dois turistas estrangeiros, também infetados, regressaram aos países de origem, totalizando por isso 176 casos ativos em Cabo Verde.
As ilhas de Santiago e da Boa Vista, por concentrarem os casos de covid-19, em Cabo Verde (três casos de São Vicente já foram dados como recuperados), são as únicas que permanecem em Estado de Emergência, até às 24:00 de 14 de maio.
-0- PANA CS/ZIZ 08maio2020