Agência Panafricana de Notícias

Oposição pede dissolução das Forças Armadas na Guiné-Bissau

Bissau- Guiné-Bissau (PANA) – O Partido Republican-o da Independência para o Desenvolvimento (PRID, oposição) do ex-primeiro ministro Aristides Gomes exigiu a dissolução das actuais Forças Armadas da Guiné-Bissau no quadro de medidas para pôr fim às crises no país.
Segundo Aristides Gomes, as actuais Forças Armadas da Guiné-Bissau representam o principal factor de instabilidade no país devido sobretudo à sua natureza não republicana e desprovida de base legal.
Os sujeitos das crises cíclicas na Guiné-Bissau “são muitos e variam desde militares a civis e, sobretudo, homens da classe política.
Mas elas (as Forças Armads) constituem o protagonista que está sempre presente e é comum a todas as fases das crises”, indicou.
Primeiro-ministro da Guiné-Bissau de 2005 a 2007 no último reinado do falecido Presidente João Bernardo “Vieira” Nino, assassinado a 2 de Março passado, Aristides Gomes explicou que as Forças Armadas do país “precisam de estar organizadas com base numa legislação clara e orientadora sobre os critérios de carreira e promoção, entre outros”.
“Ao caracterizarmos as nossas Forças Armadas, constatamos que nós estamos fora dos padrões estabelecidos universalmente.
Temos uma série de camadas de pessoas que foram sendo sedimentadas no seu seio através de diferentes processos que nunca obedeceram ao princípio republicano de recrutamento universal”, disse.
De acordo com o líder do actual segundo maior partido da oposição parlamentar, as únicas pessoas presentes na corporação que foram recrutadas numa base legal são daquelas vindas da luta pela independência nacional que também “acabaram por eternizar-se”.
Outras pessoas, explicou, foram recrutadas de forma ilegal, quer no decurso da guerra civil quer depois dos conflitos armados.
“Por isso, nós achamos que é preciso, de uma maneira ou de outra chegarmos à constituição de novas Forças Armadas, em bases legais e universalmente aceites.
Quer dizer, é necessário dissolver as actuais”, insisitiu Aristides Gomes numa entrevista à PANA.
No seu entender, o novo Exército que deve ser criado no quadro de um amplo projecto de reformas do sistema nacional de Defesa e Segurança, deve, na sua constituição, composição, dinâmica e funcionamento, corresponder aos critérios universalmente aceites.
Deve igualmente respeitar o equilíbrio étnico, contrariamente ao actual onde “não há uma heterogeneidade suficiente ou, pelo menos, o grau de heterogeneidade não corresponde àquilo que se conhece em termos da composição étnica, em termos da composição nacional”.
A partir do momento em que não há um recrutamento universal e legal, disse, “há sempre a possibilidade de um recrutamento de conveniência política dos chefes militares em presença o que começa por um “recrutamento de proximidade, de etnia, da mesma tabanca, e assim em diante”.
Como resultado, concluiu, há, nas actuais Forças Armadas do país, o predomínio duma só etnia na hierarquia e na base.