Agência Panafricana de Notícias

Oposição exige revisão de contratos mineiros na Guiné-Conakry

Paris, França (PANA) – A Coligação Democrática dos Construtores Africanos (RDBA, oposição) exortou quinta-feira, em Paris, o novo Presidente conakry-guineense, Alpha Condé, a ordenar a revisão de todos os contratos mineiros do país para que o Estado detenha pelo menos 60 porcento de cada empresa mineira.

« A Guiné-Conakry deve tornar-se novamente em proprietária de todas as suas minas. E o primeiro ato desta operação é a revisão de todos os contratos. É preciso fazer com que nenhuma empresa estrangeira detenha sozinha 40 porcento das partes duma mina”, explicou, numa conferência de imprensa, o presidente da RDBA, Lanciné Camara.

Para o opositor guineense, os contratos mineiros foram mal negociados com a China e com a Rússia pelos regimes precedentes que, segundo ele, preocuparam-se mais com as suas comissões que com os interesses do povo guineense.

« Os Chineses não foram leais durante os primeiros contratos. Eles exploravam bauxite e enviavam diretamente uma parte da produção para a China utilizando canais complicados. Eles foram até comprar terras inteiras na Guiné-Conakry. É preciso renunciar a tudo isto. Desta vez, vamos jogar com cartas na mesa », indicou Camara.

Ele exortou igualmente Alpha Condé a demostrar vigilância durante a negociação dos contratos mineiros, pedindo a formação de equipas de negociadores guineenses com bons juristas e bons economistas.

« Dois obstáculos devem ser evitados durante estas negociações, designadamente a corrupção e as armadilhas na redação dos contratos. Aconselhamos fortemente a Alpha Condé a ter bons economistas e bons juristas para salvaguardar os interesses da nação guineense. Nada deve ser como antes”, frisou o presidente da RDBA.

Segundo ele, a Guiné-Conakry deve manifestar a mesma vigilância extrema durante as renegociações com todos os seus parceiros externos.

« Quando olhamos para o que aconteceu a Omar Bongo que, após ter quase tudo dado ao Ocidente, foi lançado como um limão espremido, devemos, nós Africanos, estar vigilantes. Alpha Condé deve ser firme e intransigente à frente dos Russos e dos Franceses nas negociações. Deve ser rigoroso, e os Guineenses vão apoiá-lo neste combate”, disse ainda o opositor guineense.

Primeiro produtor mundial de bauxite, a Guiné-Conakry dispõe igualmente de jazigos de ouro e alumínio.

Mas, apesar de todas estas riquezas, perto de 52 porcento de Guineenses vivem abaixo do limiar de pobreza de um dólar americano por dia fixado pelas Nações Unidas.

-0- PANA SEI/JSG/MAR/IZ 24fev2011