Agência Panafricana de Notícias

Oposição denuncia "manobras políticas" em São Tomé e Príncipe

São Tomé, São Tomé e Príncipe (PANA) - A Ação Democrática Independente (ADI), maior partido da oposição santomense, denunciou esta sexta-feira várias "manobras políticas" visando transformar o país "num regime de partido único e ditatorial".

Falando em conferência de imprensa, o secretário-geral da ADI, Levy Nazaré, acusou Alcino Pinto, presidente da Assembleia Nacional, de “impedir” os deputados do seu partido incumbidos de altas funções na administração pública de viajarem em missão de serviço, recusando-se a conceder-lhes passaportes de serviço e diplomáticos.

"Uma política reprovável", indignou-se Levy Nazaré, reiterando que a posição dos 26 deputados em causa (de abandonar o Parlamento) é irreversível.

Ele disse que os mesmos estão unidos e firmes na decisão tomada, desde que o Governo ADI liderado por Patrice Trovoada foi demitido no parlamento mediante uma moção de censura votada pelos partidos MLSTP-PSD (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe-Partido Social Democrata), PCD (Partido da Convergência Democrática) e MDMF-PL (Movimento Democrático Forma da Mudança-Partido Liberal).

O secretário-geral da ADI disse ainda que os dirigentes do seu partido "estão a ser perseguidos" por agentes secretos do Estado, e a ser alvos de escutas telefónicas não autorizadas.

“É uma cabala que estão a montar, são manobras de ditadura que caminham no nosso país. É o partido único que vem aí”, alertou

O número dois do partido liderado por Patrice Trovoada denunciou a nomeação de Elsa Pinto ao cargo de procuradora-geral da República e advertiu que ela não será imparcial no exercício das suas funções.

“Politicamente, toda gente sabe que ela é deputada do MLSTP-PSD, membro do Conselho de Estado, deputada que subscreveu a moção de censura que derrubou o Governo de Patrice Trovoada. Alertamos o povo para aquilo que estão a construir, algo a que o povo deve estar atento”, enfatizou

A Ação Democrática Independente alerta que a crise é uma realidade e que o Presidente santomense, Manuel Pinto da Costa, não tem poder nem a ADI, mas que o povo sim e que a eleição é única saída.

A ADI volta a não reconhecer Gabriel Costa como primeiro-ministro, rejeitando uma carta enviada por este último à direção desta força política para que as partes desavindas pudessem falar esta sexta-feira sobre a crise política.

Levy Nazaré adiantou que a União Democrática para o Desenvolvimento (UDD), do qual Gabriel Costa é vice-presidente, não ganhou eleições e que os dirigentes da ADI não se sentarão à mesa de negociações com o primeiro-ministro que, a 3 fevereiro corrente, acusou os dirigentes da ADI de estarem a fazer “terrorismo político”.

Contudo, segundo Levy Nazaré, o partido está aberto e disponível para falar com a aliança MLSTP/PSD PCD e MDFM/PL.

Porém, Alcino Pinto disse que só mudará de posição caso os deputados da ADI regressem ao Parlamento.

-0- PANA RMG/DD 08fev2013