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Oposição critica condecoração de membros do primeiro Governo de Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – O Movimento para a Democracia (MpD), principal partido da oposição em Cabo Verde, insurgiu-se contra a condecoração com o Primeiro Grau da Medalha de Serviços Distintos, de antigos membros do primeiro Governo de Cabo Verde após a independência do país a 05 de julho de 1975, apurou a PANA, quinta-feira, na cidade da Praia, de fonte partidária.

O presidente do MpD, Ulisses Correia Silva considera que a homenagem, por decisão do atual primeiro-ministro, José Maria Neves, por àqueles elementos é uma forma de “branquear o sistema do então partido único”.

Por sua vez, O presidente do Grupo parlamentar do MpD, Elísio Freire, disse ao jornal “Expresso das Ilhas” que “essas ideias do senhor primeiro-ministro são ideias dinossáuricas”.

“Não se resgata nem se premeia pessoas que introduziram o partido único e que cortaram a liberdade ao povo de Cabo Verde e que, durante 15 anos, impediram as pessoas deste país de terem esperança”, acentuou Elísio Freire.

A seu ver, o que está aqui em causa é que “o PAICV (Partido Africano para a Independência de Cabo Verde, no poder) quer fazer uma revisão da história, uma revisão errada e de sentido único e quer impor ao povo cabo-verdiano valores que este não defende”.

Reagindo a partir da ilha de São Vicente, que este ano vai acolher o ato central das comemorações do 39º aniversário da independência de Cabo Verde, o primeiro-ministro considerou “uma tristeza e uma infelicidade” as declarações do líder da oposição sobre homenagem aos membros do primeiro Governo da República.

Para José Maria Neves, quem tem pretensões de ser primeiro-ministro de Cabo Verde, como é o caso de Ulisses Correia e Silva, deve ter um “alto sentido de Estado e deve unir e não desunir os Cabo-verdianos".

“Em 1975, o primeiro Governo agregava todos, era um Governo de Unidade Nacional e membros desse Governo, dirigentes da Administração Pública, na altura, hoje estão em todos os partidos políticos”, lembrou.

“Todos estiveram juntos no PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), pelo menos nos primeiros quatro a cinco anos depois da independência”, disse José Maria Neves.

Recordou que o atual Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, combatente da liberdade da pátria, era um alto dirigente da administração e que o atual chefe da Casa Civil da Presidência da República, Manuel Faustino, bem como altos dirigentes do MpD fizeram parte do primeiro Governo do país.

O chefe do Governo pediu a Ulisses Correia e Silva que “arrepie caminho” ou então que “desista” de vir a governar o país porque "Cabo Verde exige mais unidade, mais coesão”.

No seu entender, "não se pode nem extremar posições nem regressar ao período de perseguição política de triste memória” em Cabo Verde, que se seguiu à vitória do MpD nas primeiras eleições pluralistas em 1991.

“Não partidarizemos tudo, aumentemos a confiança, tenhamos memória, valorizemos o património que temos em Cabo Verde e trabalhemos para a coesão e a unidade nacional”, exortou o primeiro-ministro cabo-verdiano.

-0- PANA CS/DD 04jul2014