Agência Panafricana de Notícias

Oposição cabo-veridiana exige informação oficial sobre covid-19

Praia, Cabo Verde (PANA) - O PAICV, maior partido da oposição, em Cabo Verde, reclamou terça-feira contra o facto de não ter acesso, até agora, a informações oficiais sobre a covid-19, no país, para além "das que têm saído na Comunicação Social".

A reclamação foi manifestada pela líder do partido, Janira Hopffer Almada, depois de ser recebida pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, no âmbito das auscultações que este está a fazer sobre a necessidade de prolongar ou não o Estado de Emergência, que termina a 17 deste mês.

Almada entende que o posicionamento do PAICV sobre a prorrogação ou não do Estado de Emergência implica, antes de tudo, "um conhecimento mais aprofundado, nomeadamente da situação epidemiológica do país".

“Seguramente que o Governo e a própria Presidência terão dados que a oposição, infelizmente, não tem. Nós temos as informações que são divulgadas publicamente", lamentou a líder do maior partido da oposição.

No entanto, ressalvou, "não obstante, temos o dever de, no Parlamento, podermos autorizar o Estado de Emergência".

Para o PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde), o Estado de Emergência "não está em questão", mas "é fundamental garantir o regular funcionamento das instituições".

Janira Hopffer Almada disse ainda que o seu partido entende que o Estado de Emergência "foi maioritariamente acolhido pelos Cabo-verdianos" e que este, por isso, "não está em causa". 

"É preciso agora que os políticos e as instituições façam a sua parte", reforçou a presidente do PAICV, dizendo que não se pode admitir que, durante o Estado de Emergência, "o Parlamento fique a atuar de forma amputada". 

"Não é admissível que não ocorram debates que, de facto, se pretenda um apagão da democracia", disse.

Almada inisistiu na necessidade do regular funcionamento das instituições, por entender que “um órgão de soberania como o Parlamento deve poder funcionar, analisar e debater sempre na perspetiva de assumir a função que o povo nos conferiu" e também "responder aos questionamentos que o povo tem".

Por outro lado, acrescentou, apelou ao Presidente da República no sentido de a sua decisão poder permitir a convocação da sessão extraordinária do Parlamento para debater eventualmente sobre a autorização da prorrogação dos Estado de Emergência.

Também o presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), partido na oposição com três assentos parlamentares,  propôs terça-feira ao Presidente da República a continuidade do Estado de Emergência, nas ilhas em que a doença já se evidenciou, excluindo as que não registaram casos de covid-19.

António Monteiro frisou que, tendo em conta o comportamento do vírus, já demonstrado em várias paragens, é de todo aconselhável que se deve prorrogar o Estado de Emergência, nas Ilhas em que a doença já se evidenciou, mas mantendo-se todos os cuidados necessários de controlo e higiene social nas outras ilhas.

“Nestas mesmas ilhas somos de opinião que se deve reforçar temporariamente os serviços de saúde pública, elevando assim a prontidão do mesmo para que em caso necessário se possa agir o mais rapidamente possível”, avançou o líder da UCID.

António Monteiro considerou ainda que “já é tempo de se instalar todos os equipamentos necessários” nas ilhas onde a doença se manifestou para permitir um “combate mais eficaz a mesma”.

Desde logo, concretizou, equipamentos de análises para diagnóstico de infeções, em São Vicente, na Boa Vista e no interior de Santiago e aumento de ventiladores nos serviços hospitalares.

Outra medida tida como “muito importante”, disse ele, é a proteção social, principalmente às pessoas de menor renda, para “minimizar ao máximo os efeitos nefastos do isolamento”.

Ele alertou ainda para o facto de que muitos trabalhadores dos hotéis, que neste momento irão ter os seus salários reduzidos, necessitarem de instrumentos capazes de os permitir fazer face aos compromissos das rendas das habitações que, nas ilhas da Boa Vista e do Sal, “são consideradas elevadas”.

Tudo leva a crer que o Presidente cabo-verdiano, a quem compete declarar o Estado de Emergência, após a autorização da Assembleia Nacional (Parlamento), deve anunciar a sua decisão ainda antes do final do atual no próximo sábado, 17.

-0- PANA CS/IZ 15abril2020