Oficial gambiano reconhece participar no assassinato de jornalista Deyda Hydara
Banjul, Gâmbia (PANA) – Um oficial do Exército gambiano, suspeito de ter assassinado em dezembro de 2004 o jornalista Deyda Hydara, reconhece ter participado no crime.
Trata-se do tenente Malick Jatta das Forças Armadas Gambianas, que fez, segunda-feira última, as suas confissões na Comissão Verdade, Reconciliação e Reparações (TRRC), em Banjul.
Confessou ter abatido "o escritor mágico”, como era descrito o finado Hydara pelo seu chefe de redação, Tumbul Tamba.
Declarou à Comissão que Hydara foi morto a tiros por membros do Exército gambiano por ordem do então Presidente, Yahya Jammeh, exilado na Guiné-Equatorial desde 20 de janeiro de 2017.
Ele declarou que o seu co-assassino Sana Manjang disparou mortalmente contra Hydara, quando levava, à noite, seus empregados às suas casas, perto da base da Unidade de Intervenção da Polícia, em Kanifing.
Jatta declarou estar implicado em numerosos massacres sob o regime de Jammeh, nomeadamente o contra Dawda Nyassi, um residente de Bakoteh, colocado sob segurança máxima pelo Estado, na sequência de informações segundo as quais ele fazia parte dos combatentes repatriados sob o regime do ex-Presidente da Líbéria, Charles Taylor.
Também revelou à Comissão que Nyassi foi atraído para o exterior por um amigo, raptado por Jatta e pelo seu grupo, e assassinado posteriormente na periferia do aeroporto internacional de Banjul.
"O Presidente Yahya Jammeh pediu-nos, a 16 de dezembro de 2004, na véspera do aniversário de “Point Newspaper”, para assassinar o diretor de publicação do jornal, Deyda Hydara. Nós apanhávamos três táxis pertencentes ao ex-Presidente Jammeh, atribuídos à nossa equipa com vista a executar a missão. Eu fazia parte da equipa que seguiu Hydara e outros passageiros a bordo do seu carro no momento dos factos”, confessou o oficial.
Ele disse ter sido acompanhado neste "trabalho" pelo major Sana Manjang, pelo ex-coronel do Exército, Kawsu Camara "Bombaredeh", pelo ajudante Bai Lowe e pelos seus colegas, enquanto o então ministro do Interior, Ousman Sonko, coordenava toda a operação”, revelou.
O oficial afirmou que Jammeh elaborou o plano de assassinato de Hydara de modo a que ninguém pudesse imaginar que ele fosse o seu autor.
Assim, o Presidente entregou pistolas de fabrico local, não utilizadas, na altura, pelo Exército gambiano.
Sublinhou que as pistolas e munições com que mataram Hydara são em geral utilizadas por caçadores tradicionais e não pelo Exército gambiano.
-0- PANA MSS/RA/ASA/TBM/IBA/FK/DD 23julho2019