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Agência Panafricana de Notícias
ONU reconhece vínculo entre conflito e fome no mundo
Nova Iorque, Estados Unidos (PANA) – A atual situação em oito países do mundo em que se regista o maior número de pessoas carentes de ajuda alimentar demonstra que o vínculo entre conflito e fome continua forte e mortal, de acordo com um novo relatório apresentado, segunda-feira, no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Este novo relatório, divulgado conjuntamente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), foi preparado pelo Conselho de Segurança da ONU que, em maio último, adotou uma resolução com vista a prevenir os sofrimentos ligados à fome nas zonas de conflito.
De acordo com o relatório, a situação no Afeganistão, na República Centroafricana (RCA), na República Democrática do Congo, no Sudão do Sul e no Iémen agravou-se, em finais de 2018, devido principalmente aos conflitos, enquanto algumas melhorias foram registadas na Somália, na Síria e na Bacia do Lago Tchad, graças nomeadamente a um contexto de segurança melhor.
No total, cerca de 56 milhões de pessoas através das oito zonas de conflito precisam de uma ajuda alimentar de emergência e assistência para a sua sobrevivência.
"Este relatório demonstra claramente o impacto da violência armada nas vidas e meios de existência de milhões de homens, mulheres, meninos e meninas presos no meio dos conflitos", constata o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, no prefácio do relatório.
Segundo ele, é necessário ter em mente que "atrás destes dados existem pessoas que sofrem fome severa inaceitável em pleno século XXI".
O relatório sublinha que os atos de violência contra o pessoal humanitário estão a aumentar, às vezes forçando as Organizações a suspenderem as suas operações e privando as populações vulneráveis de uma preciosa ajuda. Em 2018, trabalhadores humanitários e instituições foram alvo de ataques em todos os países cobertos pelo relatório.
"Este relatório demonstra novamente o vínculo trágico que existe entre conflito e fome, bem como a sua influência e consequências no mundo inteiro. Temos de melhorar e facilitar o acesso às zonas de conflito, de modo a poder ajudar mais civis que necessitam do nosso apoio. Todavia, o que mais precisa o mundo é pôr termo às guerras", sublinha por seu turno o diretor executivo do PAM, David Beasley, no prefácio do relatório.
A resolução 2417 do Conselho de Segurança da ONU condena claramente a fome como arma de guerra. Ela apela a todas as partes num conflito armado para respeitarem as suas obrigações conforme o Direito Internacional Humanitário para minimizar os impactos das ações militares nos civis, bem como na produção e distribuição alimentares, e permitir aos humanitários aceder, com toda segurança e de modo oportuno, aos civis que precisam de alimento e assistência médica.
"O número de homens, mulheres e crianças que sofrem de fome por causa de conflito armado não vai diminuir se estes princípios fundamentais não forem cumpridos", avisa o relatório que estabelece uma lista de países em que o problema é grave.
Os três anos de guerra no Iémem são a prova irrefutável da necessidade urgente de agir para que parem as hostilidades e enfrentar a mais importante urgência no mundo em matéria de segurança alimentar. Na análise relativa a este país, o relatório aponta que as partes em conflito não consideram o estatuto protegido do pessoal e sítios humanitários.
Durante a segunda metade do ano 2018, após o ressurgimento do conflito armado, a República Democrática do Congo albergava o maior número de pessoas vítimas de insegurança alimentar aguda, ou seja 13 milhões de pessoas.
Segundo ainda o relatório, no Sudão do Sul, onde as perturbações civis persistiram durante mais de cinco anos, a estação seca deverá começar mais cedo do que de costume, fazendo passar o número dos que necessitam de ajuda urgente para mais de cinco milhões de pessoas, entre janeiro e março de 2019.
Espera-se uma deterioração significativa da segurança alimentar durante a estação seca, este ano (junho a agosto de 2019), na Bacia do Lago Tchad, incluindo o nordeste da Nigéria, as regiões do Lago Tchad e de Diffa no Níger, onde atuam os extremistas da seita islâmica Boko Haram.
Três milhões de pessoas sofrem desta situação de insegurança alimentar aguda.
No Afeganistão, a percentagem de cidadãos no meio rural confrontados a graves penúrias alimentares deverá atingir os 47 porcento, ou seja, 10,6 milhões de pessoas, até março, se não beneficiarem da ajuda essencial.
Na RCA, o conflito armado continuou a ser o fator principal da fome em 2018, com um milhão e 900 mil pessoas a enfrentarem graves penúrias alimentares.
-0- PANA MA/NFB/JSG/CJB/IZ 29jan2019
Este novo relatório, divulgado conjuntamente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), foi preparado pelo Conselho de Segurança da ONU que, em maio último, adotou uma resolução com vista a prevenir os sofrimentos ligados à fome nas zonas de conflito.
De acordo com o relatório, a situação no Afeganistão, na República Centroafricana (RCA), na República Democrática do Congo, no Sudão do Sul e no Iémen agravou-se, em finais de 2018, devido principalmente aos conflitos, enquanto algumas melhorias foram registadas na Somália, na Síria e na Bacia do Lago Tchad, graças nomeadamente a um contexto de segurança melhor.
No total, cerca de 56 milhões de pessoas através das oito zonas de conflito precisam de uma ajuda alimentar de emergência e assistência para a sua sobrevivência.
"Este relatório demonstra claramente o impacto da violência armada nas vidas e meios de existência de milhões de homens, mulheres, meninos e meninas presos no meio dos conflitos", constata o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, no prefácio do relatório.
Segundo ele, é necessário ter em mente que "atrás destes dados existem pessoas que sofrem fome severa inaceitável em pleno século XXI".
O relatório sublinha que os atos de violência contra o pessoal humanitário estão a aumentar, às vezes forçando as Organizações a suspenderem as suas operações e privando as populações vulneráveis de uma preciosa ajuda. Em 2018, trabalhadores humanitários e instituições foram alvo de ataques em todos os países cobertos pelo relatório.
"Este relatório demonstra novamente o vínculo trágico que existe entre conflito e fome, bem como a sua influência e consequências no mundo inteiro. Temos de melhorar e facilitar o acesso às zonas de conflito, de modo a poder ajudar mais civis que necessitam do nosso apoio. Todavia, o que mais precisa o mundo é pôr termo às guerras", sublinha por seu turno o diretor executivo do PAM, David Beasley, no prefácio do relatório.
A resolução 2417 do Conselho de Segurança da ONU condena claramente a fome como arma de guerra. Ela apela a todas as partes num conflito armado para respeitarem as suas obrigações conforme o Direito Internacional Humanitário para minimizar os impactos das ações militares nos civis, bem como na produção e distribuição alimentares, e permitir aos humanitários aceder, com toda segurança e de modo oportuno, aos civis que precisam de alimento e assistência médica.
"O número de homens, mulheres e crianças que sofrem de fome por causa de conflito armado não vai diminuir se estes princípios fundamentais não forem cumpridos", avisa o relatório que estabelece uma lista de países em que o problema é grave.
Os três anos de guerra no Iémem são a prova irrefutável da necessidade urgente de agir para que parem as hostilidades e enfrentar a mais importante urgência no mundo em matéria de segurança alimentar. Na análise relativa a este país, o relatório aponta que as partes em conflito não consideram o estatuto protegido do pessoal e sítios humanitários.
Durante a segunda metade do ano 2018, após o ressurgimento do conflito armado, a República Democrática do Congo albergava o maior número de pessoas vítimas de insegurança alimentar aguda, ou seja 13 milhões de pessoas.
Segundo ainda o relatório, no Sudão do Sul, onde as perturbações civis persistiram durante mais de cinco anos, a estação seca deverá começar mais cedo do que de costume, fazendo passar o número dos que necessitam de ajuda urgente para mais de cinco milhões de pessoas, entre janeiro e março de 2019.
Espera-se uma deterioração significativa da segurança alimentar durante a estação seca, este ano (junho a agosto de 2019), na Bacia do Lago Tchad, incluindo o nordeste da Nigéria, as regiões do Lago Tchad e de Diffa no Níger, onde atuam os extremistas da seita islâmica Boko Haram.
Três milhões de pessoas sofrem desta situação de insegurança alimentar aguda.
No Afeganistão, a percentagem de cidadãos no meio rural confrontados a graves penúrias alimentares deverá atingir os 47 porcento, ou seja, 10,6 milhões de pessoas, até março, se não beneficiarem da ajuda essencial.
Na RCA, o conflito armado continuou a ser o fator principal da fome em 2018, com um milhão e 900 mil pessoas a enfrentarem graves penúrias alimentares.
-0- PANA MA/NFB/JSG/CJB/IZ 29jan2019