Agência Panafricana de Notícias

ONU inquire sobre execuções arbitrárias da Polícia no Quénia

Nairobi- Quénia (PANA) -- Um perito da ONU especialista em questões relativas às execuções extra-judiciárias, Philip Alston, chegou ao Quénia no quadro dum inquérito oficial de 10 dias sobre as matanças maciças durante as violências pós-eleitorais neste país da África Oriental no ano passado.
Ele deverá elucidar o papel desempenhado pela Polícia e pelo Exército nos massacres que tiveram lugar no país em 2008.
O perito da ONU vai inquirir para saber porque os polícias que participaram nos massacres de civis não foram julgados e as razões que conduziram as autoridades quenianas e não tomar medidas judiciais contra os culpados.
As autoridades quenianas estão divididas a respeito da criação dum tribunal internacional no país para julgar 10 políticos, quadros de empresas e chefes de segurança pelo seu presumível papel na planificçaão dos massacres.
O Quénia mergulhou na violência depois do anúncio dos resultados das eleições presidenciais de 30 de Dezembro, na sequência das quais apoiantes do antigo chefe da oposição e actual primeiro-ministro, Raila Odinga, confrontaram-se com adversários que apoiavam o Presidente Mwai Kibaki.
Mas desde então, várias análises indicam que os massacres ocorridos vários dias mais tarde foram pré-programados durante a campanha eleitoral.
Os deputados quenianos rejeitaram quinta-feira um pedido do Governo de criar um tribunal internacional no país para julgar os suspeitos cujos nomes figuram numa lista secreta entregue ao antigo Secretário- Geral das Nações Unidas, Kofi Annan.
A lista e as provas contra os 10 culpados poderão ser entregues ao Tribunal Penal Internacional da Haia se os esforços para instaurar o tribunal local com peritos judiciais internacionais permanecerem vãos até 1 de Março.
O Gabinete da ONU em Nairobi declarou domingo à noite que a visita do relator especial da ONU sobre as execuções foi solicitada pelo Governo queniano.
O relator especial visitará Nairobi, Eldoret, Mt Elgon e Kisumu, palcos das piores formas de massacres perpetrados pela Polícia, acusada da morte de 600 das mil e 300 pessoas mortas durante as violências.
"Ele tem a responsabilidade de fazer um relatório sobre os supostos massacres e as causas fundamentais que conseguiram impedir medidas judiciais para prosseguir e punir os responsáveis", informou a Representação da ONU.
Alston vai reunir-se com autoridades a níveis nacional e provincial, bem como com membros do corpo legislativo.
Ele manterá igualmente um encontro com sobreviventes e testemunhas dos massacres, com docentes universitários, com membros da Comissão Nacional dos Direitos Humanos do Quénia e com representantes de outros grupos da sociedade civil.